A bicicleta faz muito bem para a cidade, novos números comprovam
Mais dinheiro no bolso para as pessoas, R$ 868 milhões a mais no PIB municipal, redução de 18% das emissões de CO2 no setor de transportes, 13% de economia com internações no SUS por doenças cardiovasculares. Esses são alguns dos impactos positivos que um aumento do uso da bicicleta pode trazer para a cidade de São Paulo.
Conduzido pelo Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) o estudo: “Impacto Social do Uso da Bicicleta em São Paulo” mostrou com clareza numérica um pouco do que a bicicleta é capaz de fazer de bom pela cidade. Tudo isso com mais prazer, menos irritação e mais satisfação para quem pedala.
A pesquisa está centrada em três áreas principais: Meio Ambiente, Saúde e Economia. Dentro de cada uma delas, foram mensurados os impactos individuais e coletivos do uso da bicicleta. No total, foram 1.100 entrevistas domiciliares (entre 20/set/2017 a 10/out/2017) com uma amostra complementar de usuários da bicicleta, pessoas que pedalaram no dia útil imediatamente anterior à pesquisa.
Com base nas entrevistas, foram traçados os hábitos de deslocamento da população em geral e de pessoas que usam a bicicleta na cidade. Com esses números em mãos, foram feitos cálculos dos impactos do aumento do uso da bicicleta. Para isso, foi estabelecido que a mudança do meio de transporte se daria nas viagens “pedaláveis” e “facilmente pedaláveis”. A primeira são deslocamentos de até 8km por pessoas de até 50 anos entre 6h e 20h, a segunda considera uma distância menor de 5km, com as demais variáveis mantidas.
Ciclistas vivem melhor na cidade
Além dos aspectos objetivos, o estudo também mediu os aspectos subjetivos do uso da bicicleta. Números que novamente ajudam a traduzir com clareza como a bicicleta faz bem para quem usa.
No geral, ciclistas se irritam menos durante seus deslocamentos, têm menos medo de se atrasarem, passam menos desconforto e insegurança. Enquanto 38% dos usuários de outros meios de transporte se estressam sempre ou quase sempre, apenas 14% dos ciclistas passam nervoso. Em relação ao medo de atrasos, 35% de não-ciclistas sofre com isso e apenas 15% tem esse problema no seu dia a dia. O desconforto é de 35% contra 14% e no aspecto da segurança, os números, infelizmente são mais parecidos, ainda que mais favoráveis a quem pedala, 60% contra 48%.
Em relação satisfação de se deslocar pela cidade, números representativos mais uma vez. No total, 45% das pessoas que pedalam tem mais prazer em transitar por São Paulo enquanto apenas 18% da população sente-se assim.
Quem pedala vive mais a cidade
Outro aspecto medido pelo levantamento do Cebrap foi o comparativo da interação de ciclistas e não-ciclistas com os espaços públicos da cidade. Quem pedala passeia e pratica mais atividades ao ar livre do que a média da população.
Dentre a população em geral, 32% das pessoas frequentam com frequência bares e restaurantes, já dentre ciclistas esse percentual sobe para 44%. Já pelos bairros e ruas dos bairros, 61% da população costuma circular, enquanto 76% dos ciclistas tem esse hábito. Nos parques, praças e feiras, 57% das paulistanas e paulistanos costumam frequentar e 79% das pessoas que pedalam na cidade tem o hábito e frequentar esses espaços.
São números que comprovam que quem pedala está mais presente na cidade e portanto mais capaz de viver e apreciar tudo que São Paulo tem a oferecer. Os potenciais estão posto para que sejamos uma cidade melhor, com uma população mais satisfeita com o ambiente em que vive. São números além das cifras financeiras, mas que certamente aumentam a Felicidade Interna Bruta da metrópole.
Quais os motivos para se pedalar em São Paulo
Três fatores principais definem a escolha pela bicicleta. Em primeiro lugar economia (37%) usa porque é mais barato e economiza dinheiro. As pessoas pedalam pela saúde (24%) por ser mais saudável e por fazerem mais exercício. Já o tempo (19%) é o mais importante para quem quer ir mais rápido e não ficar parado nos congestionamentos.
Além dessas, outros três pontos são importantes. O prazer (15%) e o gosto de ir em bicicleta, o conforto (4%) de fugir do transporte público lotado. Por fim, apenas 1% dos ciclistas entrevistados pedalam por falta de opção frente a ausência de alternativas.
Desafios para que São Paulo possa usar mais a bicicleta
Os benefícios foram muito bem quantificados, mas ainda sobram desafios para fazer de São Paulo um lugar melhor para sua gente. Muitas pessoas ainda têm medo de pedalar e a insegurança viária e o comportamento dos motoristas é componente importante desse medo.
O aumento do uso da bicicleta na cidade já foi capaz de trazer impactos positivos com os atuais 450 km de ciclovias e ciclofaixas. Mas São Paulo ainda precisa expandir e conectar essa rede. Um dever e uma dívida do poder público com quem pedala e quer pedalar. Tanto que 96% dos ciclistas entrevistados afirmam que a atual infraestrutura cicloviária é importante ou indispensável.