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Ciclovia na av. Paulista exige aval do patrimônio

Na via estão imóveis tombados, como o Masp e o Conjunto Nacional. Tramitação de processo nos órgãos de defesa patrimonial municipal, estadual e federal pode levar meses

DE SÃO PAULO

Os órgãos de defesa do patrimônio histórico terão que avaliar a implantação de uma ciclovia no canteiro central da av. Paulista, na região central, apesar de a gestão Fernando Haddad (PT) fazer planos para que a estrutura fique pronta até o final do ano.

A análise é necessária porque na via estão prédios tombados, como o Masp e o Conjunto Nacional. Além disso, a ciclovia vai exigir intervenções como a remoção de plantas, relógios e postes.

O projeto da prefeitura é alargar o espaço do canteiro para 4 m (hoje são 3,5 m) para criar uma faixa de bicicletas de dois sentidos. Para isso, as faixas de tráfego motorizado serão estreitadas.

Nesta terça (2), o Conpresp (conselho do patrimônio municipal) informou inicialmente que, por se tratar de uma obra, precisaria de sua aprovação. Depois, disse que precisa analisar o projeto detalhado para decidir se sua anuência é necessária.

Segundo o órgão, ciclovias mais simples, que envolvem apenas pintura do solo, não precisam de aprovação mesmo perto de bens tombados. Um exemplo é a ciclovia em frente ao Theatro Municipal.

O Condephaat (conselho estadual) e o Iphan (federal), que também tombaram prédios na Paulista, informaram que a aprovação será necessária. Nenhum pedido formal de aprovação foi apresentado nos três órgãos –os processos podem levar meses.

Haddad, que conheceu o projeto nesta terça (2), disse que o canteiro “não é usado hoje”. Afirmou avaliar não ser necessária aprovação para a ciclovia. “Não tem tombamento do canteiro. O que tem tombamento é área envoltória, mas acho que é um ajuste viário, não obra.”

O secretário Jilmar Tatto (Transportes) disse compartilhar da avaliação, mas que submeterá o projeto aos conselhos, se for necessário. “Se tiver [que aprovar], a gente pede. Imagino que o Conpresp não vai ser contra.”

Antonio Carlos Franchini, presidente da Associação Paulista Viva, disse que a ciclovia deveria ser mais discutida. Ele avalia que a travessia de pedestres poderá ficará mais difícil sem o canteiro e que a via pode perder “sua característica de bulevar”.

ATRATIVOS NA CALÇADA

“Vai haver ciclistas fora da ciclovia, para poder acessar mais facilmente o comércio”, opina Ricardo Corrêa, da TCUrbes, empresa que projeta ciclovias em todo o Brasil.

Em países como Alemanha e Holanda, já houve ciclovias no canteiro central, mas, com a evolução do sistema, elas foram eliminadas, diz Corrêa.

“O ideal é pegar a faixa da direita para a bicicleta e deslocar os ônibus para o centro”, diz Gabriel di Piero, diretor da Ciclocidade (associação de ciclistas urbanos de SP).

Para o especialista em transportes Sergio Ejzenberg, primeiro os ônibus deveriam ser colocados no centro da via, em corredores. Só depois o espaço da bicicleta deveria ser pensado.

(ANDRÉ MONTEIRO E VANESSA CORREA)

 

Fonte: Folha de S.Paulo.

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