Com participação de especialistas, Ciclocidade discute travessia de pontes em São Paulo
A atual diretoria da Ciclocidade (Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo) já havia anunciado no final de março que a travessia segura de ciclistas e pedestres nas pontes da cidade será um dos focos principais da entidade para esse ano. E o primeiro passo para evoluir esse assunto será dado na reunião geral desse mês, na quarta-feira 14 de maio, com participação aberta a todos os interessados, sejam associados ou não.
O encontro terá a apresentação do trabalho de Renata Rabello, arquiteta formada pela FAU-USP, que realizou um estudo sobre o tema em 2012 e hoje trabalha no Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (NUTAU-USP). Também haverá a participação do arquiteto Eduardo Pompeo de Martins, da SP Urbanismo/SMDU (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano).
O estudo de Renata Rabello deve servir de ponto de partida para discutir modelos de infraestrutura que tornem as pontes e travessias seguras para ciclistas e pedestres. “A Ciclocidade acredita que são necessárias mudanças imediatas nesse tipo de infraestrutura e pretende constituir, na reunião, um grupo de trabalho com a tarefa de elaborar uma proposta para órgãos públicos municipais”, esclarece a associação em comunicado no site.
As reuniões gerais da Ciclocidade são abertas a todos os interessados e acontecem sempre na segunda quarta-feira de cada mês, trazendo atualizações sobre os projetos da associação e promovendo a discussão sobre algum tema de interesse dos ciclistas.
Pontes e viadutos segregam paulistanos
“Devemos adotar um tema de ação, que esse ano será a passagem de pontes e viadutos por pedestres e ciclistas”, declarou Gabriel Di Pierro, ao assumir o cargo de diretor geral da entidade, no final do mês de março. Gabriel assumiu a diretoria após duas gestões encabeçadas por Thiago Benicchio, no cargo desde 2011.
A travessia dessas estruturas representa hoje um grande entrave para a mobilidade por bicicleta na cidade, já que seu planejamento só levou em consideração o tráfego de automóveis. “Isso resulta na segregação espacial dos habitantes de diversos bairros da capital e dificulta a utilização de bicicletas ou o transporte a pé”, ressalta a entidade.
Quando e onde
Quarta-feira, 14 de maio de 2014, das 19h às 21h30.
Espaço Contraponto
R. Medeiros de Albuquerque, 55 – Vila Madalena
Sinalizar e reformar pontes é essencial
Por Willian Cruz
Milhares de ciclistas precisam cruzar diariamente as pontes paulistanas. E a maneira como foram construídas – servindo como alça de acesso para vias de alta velocidade – coloca em risco qualquer pessoa que não esteja em um veículo automotor.
O motivo do risco é bastante claro. O ciclista vem por uma avenida principal, na faixa da direita, quando de repente, “surge” uma nova faixa à sua direita, com veículos entrando em alta velocidade. E isso justo no momento em que começa a subida e a velocidade do ciclista, por consequência, diminui.
Mesmo após passar por essa entrada, o risco continua sobre a ponte, pois a velocidade da bicicleta diminui cada vez mais em razão do aclive – e os veículos, que vêm da avenida abaixo em alta velocidade, vêem a ponte como uma extensão dessa via e tentam manter a velocidade que imprimiam anteriormente. O ciclista passa a ser visto como obstáculo e não raro ocorrem agressões que lhe colocam a vida em risco, como finas e fechadas.
Mais adiante, quando tem início a descida, o risco continua, agora com os motoristas que querem chegar à saída na direita, para acessar a via rápida abaixo. Muitos não têm paciência com o ciclista e o fecham descaradamente, mesmo sabendo que com isso pode ocorrer um grave acidente.
E como mudar tudo isso? Algumas soluções, em termos de segurança viária, seriam:
. Retirar dessas pontes a característica de alça de acesso, fazendo os motoristas entrarem na próxima rua para retornar à avenida abaixo. Sem isso, é muito difícil fazer uma travessia segura para pedestres e tornar a travessia adequada para ciclistas.
. Sinalizar a presença de bicicletas e a prioridade de circulação garantida no código de trânsito, através de sinalização horizontal (ciclofaixa, ainda que compartilhada com ônibus) e vertical (placas).
. Realizar blitzes de fiscalização para coibir o comportamento desumano e criminoso de muitos motoristas ao entrar e sair das pontes, punindo exemplarmente por direção perigosa. Impunidade estimula o desrespeito à lei.
A omissão do poder público em relação às pontes, principalmente estando cientes do problema, também é criminosa.
FONTE: Vá de Bike