Haddad diz que ciclistas vão participar das tomadas de decisões da prefeitura com relação à infraestrutura cicloviária de São Paulo
Um grupo de ciclistas se reuniu nessa manhã dessa sexta-feira (22) com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, para debater as condições de segurança nas ruas de São Paulo. Entre as demandas apresentadas estavam a criação urgente de campanhas educativas; a necessidade de acalmar o tráfego colocando a lei em prática com respeito aos limites de velocidade e redução desses limites em vias artérias e avenidas (criação de Zonas 30), entre eles a avenida Paulista; espaços de participação permanentes e transparência (comissões, conselho de transporte, Pró-ciclista e audiências públicas); integração e organização dos processos internos do governo em relação à bicicleta (obras/ações que já estão em andamento e as futuras “conversando” entre si); e a definição de orçamento para investir em tudo isso.
A apresentação da pauta dos ciclistas foi realizada pelos diretores da Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), Jéssica Martineli e Gabriel Di Pierro, que contou com a presença de representantes de entidades e associações de ciclistas, como Instituto CicloBR, Pedala São Paulo, além da sociedade civil (veja lista abaixo).
Emerson Violin
Daniel Guth (presença solicitada pelo Cerimonial da Prefeitura)
Felipe Aragonez (CicloBr)
Gabriel Di Pierro (Ciclocidade) *porta-voz do grupo
Jessica Martineli (Ciclocidade) *porta-voz do grupo
Raphael Monteiro
Renata Winkler
Ricardo Corrêa (TCUrbes e GT Mobilidade)
Roberson Miguel dos Santos
Sérgio Zolino (Pedala SP)
Thiago Pereira
Willian Cruz (Vá de Bike)
Renata Falzoni
Arturo Alcorta
“A ideia de reunir tão poucos pontos – deixando de fora tantas coisas específicas que poderíamos falar – foi para mostrar que já há muito proposto e que já pode começar a ser feito”, disse Jéssica Martineli, diretora da Ciclocidade.
Além do prefeito, estiveram presentes o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Chico Macena, e o superintendente de Planejamento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Ronaldo Tonobohn.
Entre as ações definidas para serem realizadas em curto prazo estão uma campanha de segurança para os ciclistas junto aos motoristas. “O rádio será o meio de comunicação mais utilizado com base na experiência da prefeitura na campanha contra enchentes realizada durante o verão”, disse Thiago Pereira, ciclista que esteve presenta na reunião. Felipe Aragonez, diretor do Instituto CicloBR, William Cruz, do Vá de Bike, e Renata Falzoni auxiliarão no conteúdo dessas campanhas.
Além disso, os motoristas de ônibus e de táxi receberão oficinas de orientação sobre a bicicleta como meio de transporte com o apoio dos respectivos sindicatos das categorias. Por fim, os ciclistas serão ouvidos nas decisões de impacto direto no trânsito da cidade e terão participação em comissões da Prefeitura. Também serão realizadas audiências públicas para o debate com a sociedade de uma maneira mais ampla. O consultor em mobilidade por bicicleta, Daniel Guth, destacou a importância do aumento da participação popular nas decisões da própria prefeitura na fase do planejamento.
O único assunto que não houve resposta direta foi com relação à redução de velocidade em avenidas para aumento da segurança. A percepção do ciclista Thiago Pereira, é que a medida é impopular e, portanto, não será levada adiante. Houve a promessa de aumento de fiscalização de velocidade em ruas de 30km/h e 40km/h.
Na próxima terça-feira (26) será feita uma reunião entre órgãos da prefeitura sobre o Sistema Cicloviário de São Paulo. Segundo informações passadas aos presentes na reunião, já foi licitada a construção de 60 quilômetros de ciclovias no Jardim Helena (Zona Leste), Jardim Brasil (Zona Norte) e Grajaú/Cocaia (Zona Sul), ações que já estavam previstas desde 2009 no planejamento da Secretaria Municipal de Transportes. Segundo a pesquisa Origem e Destino de 2007 esses bairros são onde há maior concentração de uso da bicicleta como meio de transporte.
Segundo Roberson dos Santos, ciclista da Zona Norte, a prefeitura dará destaque maior para a periferia nas ações. “Ficou claro que eles vão seguir o plano de governo com ações focadas em bairros fora do centro expandido.” Entre elas, estão as ciclovias junto aos 150 km de corredores de ônibus prometidos para o mandato. Será marcada reunião para breve com o secretário de Transportes do Município, Jilmar Tatto, que não estava em São Paulo.
Renata Falzoni, jornalista e cicloativista, ressaltou a mudança de posição do executivo em relação às gestões anteriores, mas disse que ainda não é uma quebra de paradigma. “A mudança só vai acontecer quando o poder público enxergar que as ruas são para pessoas e não para carros e caminhões.”
Em entrevista ao Bom dia SP, da TV Globo, o prefeito Haddad disse que “o ciclista é um aliado da cidade e precisa ser mais valorizado”. Afinal, não adianta querer uma cidade de primeiro mundo e pensar e a agir como terceiro mundo.