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Mais um ciclista é vítima de omissão da Prefeitura em SP

 

Daniel Santini

 

Nemésio Ferreira Trindade*, de 45 anos, foi atropelado e morto na manhã desta terça-feira, 27 de novembro, em São Paulo. Atingido por um micro-ônibus, ele chegou a ser socorrido pelos Bombeiros, mas não resistiu. O atropelamento aconteceu na Avenida Francisco Morato, próximo à Rua Alfredo Mendes da Silva, a poucos metros de onde deveria existir desde, pelo menos 2006, uma ciclovia. Trata-se de mais uma tragédia resultante de omissão do poder público no Butantã.

 

O atropelamento fatal foi o segundo recente na região. Em abril, outro ciclista foi morto, este atropelado na Avenida Pirajussará, continuação da Avenida Eliseu de Almeida, exatamente onde deveria passar a rota exclusiva para bicicletas prevista no projeto da Prefeitura de São Paulo. Trata-se de um eixo de ligação importante da Zona Oeste de São Paulo. Quem percorre este trecho não tem muitas opções.

 

A situação é especialmente crítica porque, conforme apontam os levantamentos recentes feitos pela Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) mais de 550 ciclistas utilizam a rota diariamente. Foram duas contagens fotográficas. Na primeira, feita em 2010, em 14 horas foram contabilizados 561 ciclistas. Na segunda, agora em agosto de 2012, foram 580. Boa parte deles são trabalhadores que saem de Embu, Osasco e Taboão da Serra em direção à região central, conforme indica o horário em que os fluxos se concentram.

 

Além de divulgar os números, a Ciclocidade apresentou também um dossiê com todo o histórico de projetos e promessas da construção da ciclovia, bem como uma nova proposta de planejamento cicloviário para a região, com infraestrutura para bicicletas projetada junto à calçada. Tal modificação permitira, conforme aponta o documento, “maior integração do ciclista com os estabelecimentos locais (comércio, serviços e equipamentos públicos), facilitando ainda o acesso às ruas transversais e aos bairros por onde vai passar a ciclovia”.

 

A prefeitura sabe do problema e tem sido cobrada a respeito de soluções. Em 2010, o então subprefeito do Butantã Regis Gehlen Oliveira foi cobrado em uma reunião com representantes da sociedade civil. Em entrevista à jornalista Renata Falzoni na ocasião, prometeu empenho em resolver a questão. Nada aconteceu.

 

Em 25 de maio de 2012, abaixo-assinado com mais de 2.500 assinaturas de moradores do bairro foi entregue à Subprefeitura cobrando a ciclovia prevista. Em 30 de maio deste mesmo ano, o atual subprefeito Daniel Barbosa Rodrigueiro recebeu representantes da sociedade civil que voltaram a insistir no assunto.

 

Nos dias 30 e 31 de agosto de 2012, a Ciclocidade protocolou ofícios na Secretaria Municipal de Transportes, Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e na  Subprefeitura do Butantã cobrando informações sobre o andamento das obras, prazos e recursos destinados ao projeto.

 

Em setembro, o Café da Manhã do Ciclista, tradicionalmente organizado pela associação em comemoração ao Dia Mundial Sem Carro, aconteceu na Praça João Afonso de Souza Castelano, que fica na Avenida Eliseu de Almeida, justamente para chamar a atenção para a necessidade de infraestrutura cicloviária para atender os ciclistas na região.

 

Antes mesmo de mais este atropelamento fatal, ciclistas estavam organizando pelo Facebook mais um ato para cobrar a implantação da ciclovia, este marcado para sábado, 1 de dezembro. Até esta manhã, 662 pessoas já haviam confirmado presença.

 

A reportagem entrou em contato com a Subprefeitura do Butantã nesta terça-feira, mas a secretária de Daniel Barbosa Rodrigueiro informou que ele estava em uma reunião externa e não poderia se posicionar. A assessoria de imprensa do subprefeito também foi acionada.

 

 

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