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Relatório propõe melhorias na implantação das ciclorrotas de São Paulo

ALINE CAVALCANTE

 

A Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, Ciclocidade, apresentou no início de fevereiro um relatório elaborado pela equipe de Pesquisa da instituição, contendo diversas contribuições e sugestões que visam aprimorar a implantação das ciclorrotas na capital. Para fazer download do documento completo, clique aqui.

 

“O relatório é fruto de discussões iniciadas na Reunião Geral de novembro de 2013, que resultou na formação de um grupo de trabalho composto por quase 20 pessoas, entre técnicos e usuários de bicicleta”, anunciou a associação. A Ciclocidade divulgou ainda que a iniciativa foi motivada pela preocupação diante da promessa da prefeitura de São Paulo em ampliar esse tipo de estrutura em cerca de 310km em 2014.

 

O trabalho já foi enviado à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET/SP), órgão municipal responsável pela gestão do trânsito da cidade, e ao Banco Itaú, empresa patrocinadora do sistema de bicicletas de uso compartilhado Bike Sampa.

 

“O objetivo é colaborar com o desenvolvimento da mobilidade por bicicletas em São Paulo”, explica a entidade. “O documento foi enviado à CET/SP, acompanhado de um pedido de reunião sobre o tema”. A reunião ainda não foi confirmada.

 

Para elaborar o documento, a Ciclocidade realizou consultas a ciclistas e especialistas que analisaram diversos aspectos e apresentaram propostas de melhoria. Uma das referências é um manual sobre o tema desenvolvido pela CET, o “Manual de Sinalização Urbana: Rota de Ciclistas”, de 2013 – trabalho de graduação do arquiteto Rafael Siqueira (FAU-USP) – e manuais de cidades que já inseriram a bicicleta com sucesso no seu dia a dia, além da experiência cotidiana de usuários de bicicleta em São Paulo.

 

O relatório possui um conjunto de 8 temas/tópicos. São eles:

 

1. Distância e posicionamento do pictograma bicicleta

 

2. Moderação de velocidade

 

3. Campanha de educação

 

4. Condição e sinalização de ultrapassagem adequada

 

5. Utilização de placas de orientação para ciclistas e pedestres

 

6. Sinalização de travessias e cruzamentos

 

7. Implantação de Bike Box (parada avançada em semáforos para ciclistas)

 

8. Aplicação de tinta com durabilidade adequada

 

Indicação de ciclorrota com pictograma de bicicleta pintado no asfalto

Indicação de ciclorrota com pictograma de bicicleta pintado no asfalto. Foto: Willian Cruz

As ciclorrotas

Apesar de o Código Trânsito Brasileiro (CTB) garantir que a maior parte das vias urbanas de qualquer cidade do país é “ciclável”, ou seja, permitida ao tráfego de bicicletas, poucos quilômetros dos mais de 17 mil construídos na capital paulista oferecem, de fato, a segurança, respeito e proteção exigidos pelo próprio CTB.

 

Diante disso, diferentes saídas vêm sendo adotadas nas cidades brasileiras a fim de minimizar os conflitos no trânsito e garantir a boa convivência de todos os modais. Entre as saídas está a ciclorrota, adotada pela prefeitura de São Paulo em 2011 e que vem se desenvolvendo e ganhando destaque na cidade.

 

O projeto consiste, basicamente, em mapear, sinalizar e divulgar as melhores rotas para o ciclista considerando fatores como altimetria, presença de ônibus, velocidade média, etc. São Paulo conta hoje com 58 km de rotas de bicicleta sinalizadas e, segundo a CET, estão previstos mais 310 km nos próximos anos.

 

“[As ciclorrotas surgiram] a partir de um estudo realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP) que identificou os trajetos mais amigáveis ao uso de bicicletas em algumas regiões da cidade. Este mapemento, no entanto, buscou detectar apenas as vias onde as condições já eram favoráveis para o uso de bicicletas, não chegando a propor alterações ou intervenções urbanas capazes de adequar outras vias ao uso de bicicletas”, diz o relatório da Ciclocidade.

 

“Apesar de entendermos a importância da sinalização como um instrumento para legitimar a presença da bicicleta na rua, quem a usa vem identificando ao longo dos anos problemas sérios na sua implantação e manutenção, dificuldades que podem comprometer a sua efetividade”, alerta a associação no documento produzido.

 

O Vá de Bike parabeniza a Ciclocidade por mais essa iniciativa de garantir que todo o empenho da sociedade civil e do poder público na implantação das ciclorrotas atinja seu objetivo. Esperamos que esse documento seja levado a sério pelas autoridades responsáveis para que, mais do que uma intenção, a segurança dos ciclistas passe a ser respeitada e garantida diariamente em todos os lugares, por cada vez mais pessoas.

 

FONTE: Vá de Bike

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