Vistoria avaliou alternativas para trecho da Ciclovia Rio Pinheiros que será interditado
Na manhã desta segunda-feira, 7 de outubro, foi realizada uma visita à Ciclovia Rio Pinheiros para estudar formas de transpor o rio, para que os ciclistas possam utilizar a margem oposta no trecho que será inevitavelmente interditado por dois anos, para realização das obras da linha 17-Ouro (Monotrilho). A interdição está suspensa até que uma alternativa seja criada para atender ao fluxo de ciclistas.
Participaram da inspeção representantes do Metrô, CPTM e Consórcio Monotrilho, além dos ciclistas Willian Cruz (Vá de Bike), Daniel Guth (Ciclocidade), Felipe Aragonez (Instituto CicloBR), André Pasqualini (Bicicreteiros) e Rex, Murilo e Renata Falzoni (Bike é Legal).
Já está praticamente certo que será utilizada a pista da outra margem do rio, com alguma adequação. A vistoria acabou se atendo mais a maneiras de cruzar o rio para utilizá-la. Acompanhe.
Vila Olímpia
Logo no início da expedição, seguindo rumo à Zona Sul, paramos nas imediações da Usina Elevatória de Traição, ainda na Vila Olímpia, para estudar como poderia ser feita a travessia. É possível identificar visualmente uma área seria possível atravessar, nas dependências da usina, e essa foi a primeira sugestão do grupo de ciclistas. Mas essa opção teve de ser descartada, pois não seria possível abrir o acesso à área da usina, de responsabilidade da EMAE, por questões de segurança.
Os representantes das companhias de transporte sugeriram a disponibilização de uma balsa, que transportaria os ciclistas de um lado ao outro do rio, sugestão não muito bem aceita pelos ciclistas, pois lhe faltará praticidade. Quando o operador precisar se ausentar (almoço, uso do banheiro, etc.) será preciso haver alguém para sustituí-lo. Se o motor da balsa der alguma pane, também deve haver uma embarcação reserva que possa ser usada em seu lugar. E em um final de semana de ciclovia lotada, ela pode não dar conta.
Uma passarela fixa precisaria ser alta, pois as balsas precisam ter 10 metros de espaço em altura, mais 3 metros para prever variações do nível da água.
Uma passarela flutuante impediria a passagem das balsas, mas os ciclistas sugeriram que ela seja móvel, de forma que possa ser “solta” em uma das pontas e posicionada paralelamente à margem, na eventualidade da passagem de uma embarcação – o que acontece com baixa frequência.
Os engenheiros ficaram de avaliar todas essas possibilidades. Mas antecipo que a tendência, infelizmente, é que optem pela balsa, que é a solução mais fácil, apesar de apresentar uma série situações que precisarão de planejamento de contingência. Além disso, é uma solução de eficiência limitada, pois faz o ciclista ter de esperar para conseguir cruzar o rio e continuar seu caminho, o que pode acabar diminuindo a frequência de uso da ciclovia.
Ponte João Dias
É quase certo que o outro ponto de travessia seja montado na mais baixa das pontes do complexo João Dias (a do meio, mais antiga), como foi sugerido na reunião da sexta-feira, 4 de outubro.
Na lateral dessa ponte há uma passagem de pedestres, que não é mais utilizada pois atualmente a pista desemboca na Marginal Pinheiros. Na área do arco da ponte, o trecho mais estreito, há espaço para passar uma bicicleta e meia, ou seja, com jeitinho passam dois ciclistas em sentidos opostos.
No final dessa passarela, há hoje um “barranco” que permite descer à àrea da margem onde fica a atual pista de terra. Seguindo adiante, há um certo transtorno para conseguir sair na lateral da ponte nova da João Dias, passando por baixo dela em um trecho nada agradável, que precisa ser revitalizado. Veja em nossa galeria.
De qualquer modo, aproveitar a estrutura dessa ponte não está difícil, dá para fazer também um acesso externo à área da ciclovia e a receptividade a essas ideias foi boa. Há ainda a opção de uma balsa também nesse ponto, levando os ciclistas de uma margem à outra, mas essa definitivamente não seria uma solução satisfatória. Ainda mais com a ponte logo ali.
Sendo feito o acesso/transposição nessa ponte, não há porque não torná-lo permanente. Isso ajudaria muita gente que hoje cruza as pontes da João Dias diariamente, aumentando substancialmente o uso da ciclovia.
A pista do outro lado
A pista do outro lado é de terra/areia, bastante irregular em alguns trechos mas bem “batida” e transitável em praticamente todo o percurso. Em dias de chuva, como durante a vistoria, formam-se poças e trechos com lama, bastante escorregadios.
Algum tratamento deve ser feito sobre a via. Foram sugeridos “pedriscos” e asfalto, mas a solução de qualquer maneira deve contemplar também o tráfego de veículos de serviço que precisam circular por ali. Enquanto estávamos no local, alguns caminhões pesados passaram pelo local.
O mais importante é que a pista já existe e poderia até ser usada por parte dos ciclistas, notadamente os mais desapegados com terra e poeira e com bicicletas de qualidade razoável. Treinamento ali, hoje, só de mountain bike.
Mas e aí, o que decidiram?
Ainda não decidiram. As alternativas serão avaliadas por equipes técnicas e provavelmente teremos alguma indicação ou nova conversa até o final dessa semana. Há pressa em solucionar o caso, pois a obra já deveria ter iniciado.