Cicloativista comenta atropelamento na Avenida Paulista
Por Pedro Sibahi
Na terça-feira (12) foi confirmado pelo Instituto Médico Legal de São Paulo (IML) que o motorista Alex Siwek ingeriu álcool, mas não apresentava nível de embriaguez quando atropelou o ciclista Davi Santos de Souza na manhã do último domingo (10). Em depoimento a polícia, o jovem também assumiu que trafegava na contramão da ciclofaixa quando foi atingido.
Durante entrevista ao Webventure, Thiago Benicchio, diretor geral da Ciclocidade (Associação de Ciclistas Urbanos da Cidade de São Paulo), fez uma avaliação sobre o ocorrido, após novas informações.
Para ele, “muitas vezes o ciclista busca técnicas de sobrevivência que ele julga serem as mais corretas, e isso às vezes não é o que está previsto na lei”. Por isso, seria difícil fazer um julgamento do caso, mas ainda assim, “a questão principal é o atropelamento e a fuga”, afirmou.
Benicchio acredita que esse tipo de ocorrência é alimentada pela questão da impunidade no trânsito, que está relacionada com a aplicação da legislação, pois os crimes de trânsito não seriam abordados da maneira correta.
“Você tem uma agressão grave e isso é tratado como acidente, algo que acontece sem querer. Com isso você está tirando a responsabilidade de alguém que está dirigindo um veículo, que é perigoso e tem uma série de obrigações”, explica o ativista.
O diretor da Ciclocidade defende a necessidade de maior rigidez na aplicação de medidas como a Lei Seca (que proíbe o consumo de álcool antes de dirigir), mas principalmente de questões mais básicas ligadas ao respeito e limite de velocidade.
“Os motoristas acham absurdo instalar um radar sem colocar a placa indicativa, mas se você já é avisado que o limite é de 50 ou 60km/h é contraditório precisar de outros avisos dizendo que tem alguém fiscalizando ou se precisasse ter um aviso em cada esquina avisando que não se pode roubar”.
Segundo o cicloativista, “na medida em que não conseguimos enxergar o trânsito como algo perigoso e fatal, acabamos criando uma legislação à parte”. Para ele, “o motorista deveria ser mais fiscalizado, punido e investigado não só pela Lei Seca, mas por outros comportamentos que colocam a vida em risco”.