Após implantação de ciclofaixa, Consolação tem aumento de 227% de ciclistas
Um levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) divulgado esta manhã (4/5) traz resultados surpreendentes. Contagens de ciclistas realizadas antes e após a implantação da ciclofaixa da Rua da Consolação apontam um aumento no fluxo de ciclistas de 227%, passando de 243 viagens/dia em 2015 para 795 viagens/dia em 2017.
Trata-se de mais uma prova da importância da rede de ciclovias e ciclofaixas de São Paulo, e do quanto este tipo de infraestrutura incentiva o uso de bicicletas por mais pessoas. A Ciclocidade também faz contagens de ciclistas desde 2009 e em todos os pontos onde houve a implantação de infraestrutura cicloviária, houve aumento no número de ciclistas circulando nas vias.
“Perigosa”?
Em declarações feitas recentemente à imprensa, o secretário de mobilidade e transportes, Sérgio Avelleda, classificou a ciclofaixa da Consolação como “perigosa” para ciclistas e aventou a possibilidade, inclusive, de removê-la.
É importante salientar que se existe perigo ali, ele não se deve às características da ciclofaixa, mas sim às demais dinâmicas do viário e à falta de respeito às leis de trânsito, como conversões à direita dos automóveis, paradas proibidas sobre a ciclofaixa, invasão de motociclistas, velocidades altas dos veículos motorizados e a saída das garagens.
Os dados apresentados evidenciam uma realidade oposta à apresentada pelo secretário. O aumento vertiginoso de ciclistas só foi possível porque estrutura possibilitou maior segurança e conforto para o deslocamento de ciclistas. A remoção desta ciclofaixa, portanto, representaria um enorme retrocesso para a política cicloviária da cidade.
Em vez que cogitar retirá-la, é preciso aumentar a fiscalização referente às infrações de trânsito, que (estas sim) colocam ciclistas em risco ao utilizá-la, além de fazer uma campanha de conscientização para quem trafega na região em veículos particulares mobilizados. Este é o papel que se espera da Prefeitura – um papel condizente com a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que afirma categoricamente que as mobilidades a pé, por bicicletas e por transportes coletivos devem ser priorizadas sobre as demais.
Leia o relatório completo do Cebrap sobre a ciclofaixa da Rua da Consolação: http://cebrap.org.br/wp-content/uploads/2017/05/Contagem-de-Ciclistas-da-Rua-da-Consolac%CC%A7a%CC%83o-Maio-2017.pdf
*Fotografias por George Queiroz