Carta aos governos na COP26

Carta aos governos na COP26

Carta aos governos na COP26

A Ciclocidade, junto a outras organizações de todo o mundo, assinou uma carta que cobra o comprometimento por parte dos líderes governamentais em políticas que incentivem o uso da bicicleta no combate às mudanças climáticas. A carta é uma iniciativa da European Cyclists‘ Federation.

Para que a sua organização participe, basta entrar em contato pelo e-mail f.christofides@ecf.com e enviar logo em formato PNG, além da URL do seu site.

Confira abaixo a tradução da carta:

“Carta aos governos na COP26:

Os líderes mundiais devem se comprometer com o aumento do uso da bicicleta para reduzir as emissões de carbono e alcançar as metas climáticas globais de forma rápida e eficaz.

O mundo precisa de muito mais pessoas pedalando se quisermos combater as mudanças climáticas. Sem uma ação mais rápida e determinada por parte dos governos em todo o mundo para reduzir as emissões de carbono no transporte, estaremos condenando as gerações presentes e futuras a um mundo que é mais hostil e muito menos habitável.

É por isso que nós, as 80 organizações abaixo assinadas, apelamos veementemente a todos os governos e líderes presentes na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26) em Glasgow para se comprometerem a aumentar significativamente o número de pessoas que pedalam em seus países. Os governos podem fazer isso construindo uma infraestrutura para bicicletas de alta qualidade, integrando a bicicleta ao transporte público, melhorando a segurança no trânsito e implementando políticas que incentivem as pessoas e as empresas a substituir as viagens de automóvel por viagens de bicicleta e outros modais, como caminhada e transporte público. Promover e permitir a mobilidade ativa deve ser a pedra angular das estratégias globais, nacionais e locais para atingir as metas de carbono zero.

Em todo o mundo, o transporte é responsável por 24% das emissões diretas de CO² provenientes da queima de combustível. Os veículos rodoviários são responsáveis ​​por quase três quartos das emissões de CO² dos transportes e esses números não estão diminuindo. Além dos níveis insustentáveis ​​de emissões de CO² que estão arruinando o clima da Terra, esses veículos estão poluindo nosso ar em uma escala sem precedentes, matando cerca de sete milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano.

O relatório especial “Aquecimento Global de 1,5° C” do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) identificou a bicicleta como um caminho para garantir um mundo seguro e sustentável para todos, agora e no futuro. O uso da bicicleta produz emissões zero e o ciclismo oferece impactos socioeconômicos positivos de longo alcance, além de redução da poluição.

Pedalar representa uma das maiores esperanças da humanidade por uma mudança em direção a um futuro com carbono zero. Uma nova pesquisa mostra que as emissões de CO² do ciclo de vida caem 14% por viagem adicional de bicicleta e 62% por cada viagem evitada de carro. Fazer a transição do carro para a bicicleta economiza 150g de CO² por quilômetro. As bicicletas elétricas de carga reduzem as emissões de carbono em 90% em comparação com as vans a diesel. Nas cidades, trocar o carro pela caminhada e andar de bicicleta, mesmo que seja apenas um dia por semana, pode reduzir sua pegada de carbono em cerca de meia tonelada de CO² ao longo de um ano. Construir sinergias com outros modos, como transporte público, pode aumentar criticamente esse potencial.

Nosso mundo está pegando fogo. Devemos alavancar urgentemente as soluções que a bicicleta oferece, ampliando radicalmente seu uso. O que precisamos agora é que os governos se comprometam política e financeiramente com um ciclismo mais seguro e integrado que seja justo para todos que vivem em nossos países, cidades e regiões. Estimulamos todos os governos e líderes na COP26 a declararem compromissos para aumentar significativamente o uso da bicicleta em cada país. Isso pode ser feito das seguintes formas:

  • Promover a bicicleta em todas as suas formas, incluindo o cicloturismo, o ciclismo esportivo, o compartilhamento de bicicletas, o deslocamento para o trabalho ou a escola e para se exercitar;
  • Reconhecer a bicicleta como uma solução climática, estabelecendo uma ligação clara entre o aumento das viagens de bicicleta, a diminuição das viagens de carro particular e a redução das emissões de CO²;
  • Criação e financiamento de estratégias nacionais para o uso da bicicleta e coleta de dados sobre o ciclismo para saber onde melhorias na infraestrutura e no uso podem ser feitas;
  • Concentrar investimentos na construção de infraestrutura cicloviária segura e de alta qualidade e em incentivos para comunidades historicamente marginalizadas no uso da bicicleta;
  • Fornecer incentivos diretos para que pessoas e empresas mudem de automóveis para bicicletas incentivando mais viagens diárias;
  • Construir sinergias com o transporte público e promover soluções de mobilidade combinada para um ecossistema multimodal capaz de cobrir todas as necessidades do usuário sem depender de transporte individual motorizado;
  • Comprometer-se coletivamente em alcançar uma meta global de aumento do uso da bicicleta. Ampliar o ciclismo em alguns países não será suficiente para reduzir as emissões globais de CO². Todos os países devem contribuir e esses esforços devem ser monitorados pela ONU.

Não há maneira concebível de os governos reduzirem as emissões de CO² com rapidez suficiente para evitar o pior da crise climática sem a transição modal, implementando o uso da bicicleta. O ciclismo é uma das melhores soluções que já temos para garantir que nosso planeta seja habitável para todas as gerações que virão”.

Para acessar a página oficial do documento, assim como a lista das organizações participantes, clique neste link.

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