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Ciclocidade e Embaixada da Dinamarca no Brasil realizam Ciclodebate sobre pedalar na terceira idade

Parceria promoveu cinco eventos online em 2021. As conversas foram sobre como estimular o uso da bicicleta e políticas públicas necessárias para fomentar o ciclismo

Aconteceu na tarde desta segunda-feira, 29/11, o quinto Ciclodebate da Ciclocidade em parceria com a Embaixada da Dinamarca. O tema do último encontro do ano foi “ciclismo na terceira idade”. 

O dinamarquês Ole Kassow foi o primeiro participante a falar. Ele é o idealizador do Cycling Without Age, projeto que nasceu em 2012 com o objetivo de estimular pessoas idosas a voltarem às bicicletas e já está em mais de 50 países. No Brasil, há voluntários em cidades de São Paulo (capital, litoral e interior), Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Amazonas. 

Kassow contou que, ainda criança, ao observar seu pai em uma cadeira de rodas, notou como a falta de mobilidade gera isolamento social. Anos depois percebeu que não encontrava com pessoas idosas em sua comunidade: “quando via, estavam sentados. Para ser feliz você precisa de relacionamentos”, completou. 

Pernille Bussone, responsável pelas operações internacionais do projeto, complementou a fala de Ole lembrando do poder transformador que a bicicleta possui. Aldo Nakamura, voluntário que iniciou o projeto em São Paulo no ano de 2015, também participou e disse que por conta da pandemia os passeios com idosos da casa de repouso em que ele atua voltaram a acontecer só recentemente.

A Diretora Administrativa da UCB – União de Ciclistas do Brasil, Ruth Costa, foi a segunda painelista a se apresentar. Ela também é voluntária da Rede Bike Anjo Belém, uma das idealizadoras do projeto Pedala, Mana! e integra o coletivo ParáCiclo. Em sua fala, ela ressaltou todos os benefícios que a bicicleta oferece, como o aumento da resistência muscular, controle da pressão arterial, além das vantagens para a saúde mental. Falou, ainda, sobre como é gratificante poder ensinar mulheres com mais de 60 anos a pedalar. 

Na sequência, Helenice Maria da Silva, moradora da Zona Sul de São Paulo, contou que adquiriu sua primeira bicicleta em 2012, quando tinha 49 anos. Ela buscou a Rede Bike Anjo para aprender a pedalar e a partir de 2015 passou a usá-la como meio de transporte.  Até esse ano, ela ainda não havia saído sozinha na cidade: “eu pedi para uma pessoa me acompanhar na ida porque eu precisava perder o medo. Depois voltei sozinha e tomei chuva, mas fiz o caminho rindo à toa”. Helenice falou ainda que passou a observar e fotografar a cidade, as árvores, flores e a interagir com a natureza. “De ônibus você não percebe o que está em volta”, completou. 

Adriana Cognolato, educadora física, bailarina, especialista em ginástica médica e Mestre em Reabilitação, fechou as apresentações ressaltando a importância que pedalar exerce sobre seus pacientes. “Atendemos muitas pessoas com problemas de locomoção e que moram em áreas restritas. Sugerimos a bicicleta e muitas vezes é um recurso importante para elas”. Cognolato reforçou que o “sentar” tem sido comparado ao “fumar” e nesse sentido a bicicleta tem muito potencial para a saúde. 

Após as apresentações, houve um debate mediado por Yuri Vasquez, da Ciclocidade. Ole Kassow destacou que o hábito de pedalar é extremamente saudável para todas as idades e disse que na Dinamarca há infraestrutura segregada para ciclistas que pedalam em diferentes ritmos, o que é benéfico para as pessoas idosas. 

Helenice falou sobre a falta de ciclovias nos bairros periféricos de São Paulo e Ruth ressaltou a necessidade de respeito no trânsito, além de redução da velocidade nas vias. 

Quando perguntada sobre os possíveis incentivos à utilização da bicicleta do ponto de vista da saúde pública, Adriana reiterou o papel do modal na promoção de uma vida mais saudável: “assim como prescreve um remédio, tem que prescrever a bicicleta também. Para resvalar nas autoridades e para que elas entendam que é importante”.       

Essa mesa encerrou uma maratona de cinco Ciclodebates, frutos da parceria entre a Ciclocidade e a Embaixada Real da Dinamarca no Brasil.

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