Ciclocidade realiza primeira Roda de Conversa sobre uso da bicicleta

 

 

No começo de dezembro a Ciclocidade participou da I Feira de Domingo do Centro Cultural São Paulo. Durante o evento, a associação realizou mais uma edição do projeto Ciclocidade Itinerante, que contou com a oficina colaborativa Mão na Roda e, pela primeira vez, com uma Roda de Conversa sobre o uso da bicicleta na cidade.

 

Enquanto a Mão na Roda promovia a troca de conhecimentos sobre mecânica e dezenas de camisetas eram estampadas na oficina de silk-screen, mais de 20 pessoas conversavam durante cerca de 2 horas o tema “Certo ou errado: o que é direção segura na bicicleta”.

 

Nesta primeira Roda de Conversa, cada um dos participantes foi convidado a responder duas perguntas sobre o uso da bicicleta: “o que você faz de errado?” e “o que você vê os ciclistas fazendo de errado?”. Em seguida, quatro respostas foram escolhidas e discutidas pelo grupo: pedalar na contramão ou na calçada; ultrapassar o farol vermelho; sinalização e discussão com motoristas.

 

O cotidiano de quem usa a bicicleta em São Paulo é marcado pela ausência de infraestrutura cicloviária e pelo respeito ainda insuficiente por parte dos condutores dos demais veículos. As ruas e avenidas foram construídas para privilegiar o fluxo motorizado, com limites de velocidades altos, sinalização precária, buracos “estrategicamente posicionados” e outros obstáculos perigosos para os modos ativos de transporte.

 

Além disso, a falta de programas consistentes de educação, a fiscalização insuficiente dos comportamentos imprudentes e a impunidade dos crimes de trânsito tornam as ruas hostis aos ciclistas, que muitas vezes são obrigados a desenvolver técnicas de sobrevivência, pedalando de uma maneira que poderia ser considerada “errada” perante a Lei.

 

Para evitar locais perigosos, por exemplo, muitos ciclistas disseram que pedalam pela calçada. Para fugir de subidas muito íngremes, escolhem ruas na contramão. Para ganhar segurança, atravessam semáforos vermelhos.

 

Será que podemos simplesmente considerar tais comportamentos “errados”, passando a punir os infratores e fazendo-os se adequar a uma lei que não dá conta de sua realidade? Ou será que devemos buscar entender o funcionamento da bicicleta nas cidades e aproveitar o potencial do olhar privilegiado do ciclista para tornar as ruas mais humanas e o trânsito menos letal?

 

Como pedalar com segurança em uma cidade hostil ao ciclista?

 

A realidade do ciclista em São Paulo é bastante distinta nas diversas regiões da cidade, nos diferentes horários do dia e em cada dia da semana, dificultando a aplicação de conselhos genéricos ou simplesmente do que está previsto na Lei. O poder público e os planejadores urbanos ainda seguem distantes de compreender as peculiaridades da bicicleta para incorpora-la decentemente aos seus projetos.

 

A Ciclocidade acredita que a produção e difusão de conhecimento sobre a realidade do ciclista é fundamental para auxiliar quem pedala hoje e também para construir a cidade que desejamos para o futuro.

 

Nosso site já possui páginas com dicas para ciclistas e motoristas, mas acreditamos que é preciso evoluir na construção de um conhecimento abrangente, que seja construído de forma participativa, sistematizado e difundido. Este conhecimento pode auxiliar outros ciclistas no cotidiano, servindo de base para as ações da associação e também para orientar um novo planejamento urbano da cidade.

 

As rodas de conversa acontecerão periodicamente em 2013 como parte do projeto Ciclocidade Itinerante. Além disso, a área de Pesquisa da associação, aprofundará seu objetivo de levantar e produzir dados, informações e conhecimento sobre o uso e a inclusão definitiva da bicicleta em São Paulo.

 

+ Veja as fotos do Ciclocidade Itinerante no CCSP

+ Leia a ata da Roda de Conversa

 

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