Ciclocidade – Retrospectiva 2022
O ano foi de eleição de nova diretoria e publicação de importantes estudos
2022 chega ao fim e, mais uma vez, é momento de relembrarmos o que foi feito dentro da Ciclocidade. Elegemos uma nova diretoria, lançamos pesquisas relevantes para a mobilidade por bicicleta, somamos em diversas ações e iniciamos articulações para continuar a luta por uma São Paulo cada vez mais ciclável.
Ao ler o texto abaixo, você perceberá que nossas conquistas só são possíveis pela força do coletivo e pela ação de associadas e associados que acreditam na construção de uma cidade mais humana e pensada para todas as pessoas que nela vivem.
Ainda há muito a fazer e, por isso, deixamos aqui um convite: venha conhecer o trabalho da associação e, se puder, associe-se e participe de nossas atividades a partir de 2023!
Assembleia Geral Ordinária (AGO) e nova Diretoria eleita
No dia 9 de fevereiro aconteceu a Assembleia Geral Ordinária (AGO) que elegeu, pela primeira vez na história da associação, uma Diretoria formada exclusivamente por pessoas pretas. O acontecimento é resultado da aproximação crescente de diversas frentes de ativismo das periferias da cidade de São Paulo, o que possibilita uma incidência cada vez mais ampla e em consonância com a pluralidade, diversidade e desigualdades existentes em nossa cidade.
Na ocasião também foi escolhido o Conselho Fiscal para o período de março/2022 a dezembro/2023. Veja abaixo os representantes e suas respectivas posições na Ciclocidade:
Diretoria
Dir. Geral: Ricardo Neres Machado
Dir. Administrativo: Rogério Rai
Dir. Financeira: Jô Pereira
Conselho Fiscal
Titulares: Carlos Henrique Lopes, Gustavo Andrade e Paulo Fernando Teixeira
Suplentes: Carolina La Terza, Jusaine Nogueira e Vanderlei Torroni
Campanha #PrimeiroVotoVerde
Durante todo o ano, a Ciclocidade foi uma das multiplicadoras da campanha idealizada pelo Prêmio Megafone de Ativismo. A iniciativa teve o objetivo de conscientizar, principalmente a população mais jovem, sobre conceitos relacionados ao meio ambiente, como racismo ambiental e justiça climática – e a importância de termos essas pautas refletidas nas eleições de 2022.
Ghost Bike de Claudemir Kauã Queiroz
Em 18 de fevereiro, nos unimos a ciclistas de toda a cidade para a instalação da ghost bike em memória de Claudemir Kauã Queiroz, cicloentregador de apenas 17 anos que foi atropelado e morto na Av. Corifeu de Azevedo Marques, zona oeste – via que estava no plano apresentado pela Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT) em audiência pública sobre a expansão da malha cicloviária realizada no dia 30 de maio de 2019. Kauã deixou a esposa e um filho recém-nascido.
O motorista Rafael Maurício Moraes Diniz dirigia embriagado e com a CNH vencida quando atingiu o jovem e o arrastou por mais de 100 metros. Ele foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o associado Yuri Vasquez comentou o caso, destacou que este não foi um episódio isolado e falou sobre a responsabilidade do poder público em ocorrências no violento trânsito de São Paulo. Veja abaixo a entrevista:
2 anos sem Marina Harkot
No dia 21 de fevereiro aconteceu no Fórum Criminal da Barra Funda a 2ª Audiência do caso Marina Harkot. Na ocasião, foram ouvidas quatro testemunhas do crime: Isabela Serafim e Guilherme Dias da Mota, que estavam no carro dirigido por José Maria da Costa Júnior, além de dois funcionários do estacionamento em que ele deixou seu carro. O réu, instruído pelos advogados de defesa, permaneceu em silêncio e não respondeu às perguntas da acusação. Durante o evento, ciclistas protestaram por justiça na porta do Fórum.
Em 29 de abril, a Justiça de São Paulo decidiu levar o motorista a júri popular.
O mês de novembro foi novamente marcado por homenagens à socióloga e cicloativista. Eles aconteceram nos dias 6, 7 e 8/11 com organização do Movimento Pedale como Marina. Além do pedal em sua memória, foram realizados debates na Sala de Estudos Interdisciplinares Marina Kohler Harkot e o lançamento do site pedalecomomarina.org – nele está hospedada a página do Observatório da Impunidade no Trânsito no Brasil – OITB, iniciativa que tem como principal objetivo trazer luz à impunidade e à dificuldade na condenação dos responsáveis pela a violência no trânsito.
No dia 14 de dezembro, aconteceu o julgamento de um recurso da defesa, que pediu a reclassificação do crime para homicídio culposo. A votação foi unânime: três desembargadores da 11ª Câmara Criminal do TJ-SP mantiveram a decisão de levar o réu a júri popular por homicídio doloso – em que se assume o risco de matar. A pena pode chegar a 20 anos de prisão em regime fechado.
Rodas de Conversa
Em 2022, as Rodas de Conversa da Ciclocidade aconteceram a partir de março. Os tradicionais encontros mensais são abertos a todas as pessoas, associadas ou não, e acontecem em ambiente virtual desde o início da pandemia.
Atualmente, estamos avaliando detalhes para retornarmos ao formato presencial em 2023.
Reabertura da Oficina Mão na Roda
Depois de uma longa pausa em suas atividades por conta da pandemia, a Mão na Roda voltou a funcionar no fim de março no Centro Cultural São Paulo (R. Vergueiro, 1000 – Paraíso), agora em novo horário: às terças e quartas, das 18h às 22h.
A oficina comunitária conta com a parceria da Ciclocidade e é administrada de forma autônoma por um coletivo de pessoas voluntárias. Lá é possível aprender conceitos básicos de mecânica que contribuem para a autonomia de ciclistas na cidade. As ferramentas são compartilhadas gratuitamente.
Inversão de papéis
Ainda no mês de março, a Diretora Financeira Jô Pereira e a associada Aline Cavalcante participaram de um encontro com motoristas de ônibus no pátio da Alfa Rodobus, no Jd. Gilda Maria, zona oeste. O evento contou com uma conversa entre os presentes além da tradicional dinâmica de inversão de papéis, que consiste em posicionar os motoristas em bicicletas estáticas enquanto outros condutores passam de ônibus a menos de 1,5m de distância. O objetivo da atividade é despertar a reflexão sobre os riscos das “finas educativas” para a segurança de ciclistas.
Benchmarking: Como grandes cidades do mundo monitoram o aumento de viagens em bicicleta?
O primeiro estudo lançado pela Ciclocidade em 2022 analisou como Cidade do México, Londres, Nova York e Paris estabelecem e monitoram suas metas relativas ao aumento de viagens em bicicleta e como disponibilizam dados e relatórios para, a partir daí, propor formas de fazer essa mensuração na capital paulista. A escolha dos locais levou em consideração cidades do porte de São Paulo, que fazem parte da rede C40 e que reconhecem na bicicleta um importante agente no contexto das emergências climáticas. A pesquisa foi publicada no caderno “Como grandes cidades do mundo monitoram o aumento de viagens em bicicleta?”, que teve apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
Paralelamente ao levantamento de métodos internacionais, a associação criou modelos estatísticos capazes de estimar com alguma confiança as tendências observadas nas ruas de São Paulo. A pesquisa utilizou dados da Pesquisa OD, do Strava Metro e de contagens da CET para chegar a um modelo aplicável na capital. O trabalho foi feito em conjunto com a equipe do Departamento de Pesquisas e Simulações de Tráfego (DPT) da CET e da assessoria técnica da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT), e ainda teve acompanhamento de parceiros do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME-USP).
No mês de junho aconteceu mais uma fase do projeto em evento híbrido realizado na sede da Vital Strategies. O objetivo do encontro foi promover um intercâmbio sobre formas de monitoramento de viagens em bicicleta entre técnicos das cidades de São Paulo, Cidade do México, Londres e Nova York. Em um segundo momento, a associação pôde validar as propostas de caminhos viáveis para a capital paulista passar a fazer suas próprias estimativas.
Todas as etapas anteriores resultaram na publicação do caderno “Monitoramento de viagens em bicicleta: Uma proposta para a cidade de São Paulo”, com apoio do iCS, Eureka Coworking e em parceria com a SMT e CET.
O ano de 2023 deve trazer mais desdobramentos no projeto já no primeiro semestre.
Comissão Municipal para o Desenvolvimento Sustentável (ODS)
No mês de maio, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) divulgou o resultado das eleições da Comissão Municipal para o Desenvolvimento Sustentável para o biênio 2022-2024. A Ciclocidade, representada por Flavio Soares, foi novamente uma das eleitas entre as entidades da sociedade civil no órgão colegiado criado para dar transparência ao processo de implementação da Agenda 2030 da ONU. Foi nesta comissão, por exemplo, que surgiu o trabalho de monitoramento do aumento de viagens em bicicletas, citado anteriormente.
A SVMA é a secretaria executiva da Comissão Municipal de ODS, trabalhando em parceria com a Secretaria de Governo Municipal (SGM), que constitui a diretoria executiva, e a Secretaria Municipal de Relações Internacionais (SMRI), que responde pela presidência.
Projeto Bicicletário Modelo de Gestão Comunitária
Mais um trabalho relevante para a mobilidade por bicicleta em São Paulo foi lançado no início de abril: os cadernos “Metodológico Vol. 1” e “Resultados Vol. 2” do Projeto Bicicletário Modelo, publicados com apoio do Itaú.
A pesquisa teve como principais objetivos identificar locais para a implantação de bicicletários em São Paulo e encontrar modelos de negócios sociais que:
- Possam estimular e apoiar iniciativas de gestão comunitária como forma de gerar emprego e renda;
- Melhorem a infraestrutura de intermodalidade em regiões periféricas;
- Sejam pontos de apoio na promoção da cultura da bicicleta.
Diante do desafio de realizar um projeto inédito, em que ainda não havia uma metodologia específica para que os resultados fossem alcançados, a equipe envolvida optou pela publicação de dois cadernos: o Vol. 1 traz a base metodológica que orientou os estudos. No Vol. 2, os resultados obtidos a partir do sistema especificado no caderno anterior.
Para cumprir com a finalidade de contribuir com o planejamento, implementação e gestão dos bicicletários na cidade por meio da promoção da intermodalidade, da cultura da bicicleta e de propostas de modelos de negócios sociais que tornem esses equipamentos sustentáveis, o projeto contou com 14 especialistas de diferentes áreas do conhecimento.
Edital de comunicação: meses antes da publicação do estudo, o Instituto Aromeiazero realizou, em parceria com a Ciclocidade, um edital de comunicação para desenvolvimento de um plano estratégico de comunicação para o projeto. O coletivo selecionado foi o Bike Zona Sul.
Ciclo de Debates: a parceria contou ainda com a realização de três debates que abordaram importantes aspectos dos bicicletários. Rogério Rai, Diretor Administrativo da Ciclocidade, participou do segundo encontro. Assista abaixo aos vídeos na íntegra:
- 13/04 – Bici o que? O que são, para o que servem e porque amamos tanto esses bicicletários
- 19/04 – Bicicleta dá em árvore? – a falta que um bicicletário faz nas bordas das cidades
- 26/04 – Um cantinho pra chamar de nosso – bicicletário é um direito e um bom negócio
Atualmente, os desdobramentos relacionados à implantação dos bicicletários estão sendo conduzidos pelo Aromeiazero.
Auditoria Cidadã – Estrutura Cicloviária de São Paulo
Entre os dias 18 de abril e 22 de maio, uma equipe de 11 ciclistas realizou uma visita de campo com os seguintes objetivos:
- Registrar e avaliar o estado de conservação e manutenção de toda a malha cicloviária de São Paulo;
- Registrar e georreferenciar os paraciclos existentes ao longo da malha cicloviária;
- Sistematizar as informações em formato shapefile e em mapa interativo online;
- Encaminhar os resultados para a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a Secretaria de Mobilidade e Trânsito (SMT) para que possam servir como insumo para um cronograma de manutenção da rede cicloviária e de descentralização dos paraciclos.
O trabalho culminou na publicação do caderno “Auditoria Cidadã 2022 da Estrutura Cicloviária de São Paulo”, que traz detalhes sobre a metodologia, resultados e o mapa online interativo da auditoria realizada. Os resultados divulgados foram uma das bases utilizadas para a licitação da rede cicloviária no valor de R$ 48 milhões.
O material teve apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Eureka Coworking, e foi destaque em veículos de imprensa. Confira abaixo algumas matérias:
- Folha de S. Paulo (Ciclocosmo): Relatório aprova malha de ciclovias de SP, mas prefeitura frustra ampliação;
- Rádio CBN: Ciclistas vistoriam quase 700 quilômetros de vias em parceria com a CET em SP;
- G1: 81% das ciclovias da cidade de SP estão em boas condições, mas 5% precisam de obras imediatas, conclui análise feita por ciclistas;
- Exame: Ciclovias de SP melhoram, mas 1/5 da rede ainda precisa de reparos, diz estudo;
- Mobilize: Auditoria Cidadã 2022 da Estrutura Cicloviária de São Paulo;
- Jornal Bicicleta: Até 35 km de ciclofaixas e ciclovias de S. Paulo precisam de manutenção urgente e colocam ciclistas em risco.
No dia 17 de dezembro, a SMT declarou fracassada a licitação para manutenção das ciclovias e ciclofaixas da cidade. O aviso foi publicado no Diário Oficial do Estado.
Projeto Vias Seguras
Em mais uma parceria com a UCB – União de Ciclistas do Brasil, neste ano trabalhamos em duas frentes que se complementam na luta por um trânsito mais seguro: a readequação de velocidades máximas em vias urbanas e a regulamentação da fiscalização de velocidade média em território nacional. Ambas dependem de alterações no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e foram apresentadas no lançamento do Projeto Vias Seguras, em que a Ciclocidade foi representada por Marta Obelheiro.
Em sua apresentação, ela falou sobre experiências de fiscalização de velocidade média no Brasil e no exterior. A prática é adotada desde a década de 1990 e consiste em medir a velocidade do veículo em dois pontos de uma via. Com a distância e o tempo percorrido entre esses dois pontos, a tecnologia calcula qual foi a velocidade média do percurso e compara com a velocidade limite.
Assista ao evento na íntegra:
Atualmente, estamos articulando parcerias com diversas associações para incidir politicamente sobre o tema. Novidades virão em 2023.
“Isso não é uma bicicleta! É um motor para o empoderamento econômico e cultural”
A Buffalo Bicycle foi desenvolvida pelo programa global World Bicycle Relief para resistir a terrenos acidentados e condições climáticas adversas em regiões rurais do continente africano. Mais recentemente, o projeto chegou também à Colômbia. Ela é capaz de carregar 100 kg e permite o transporte de pessoas e cargas pesadas com segurança e eficiência, ajudando no desenvolvimento econômico e social em diversas regiões.
O único exemplar da Buffalo no Brasil foi doado para a Ciclocidade em 2012 e está na Eureka Coworking (Av. Paulista, 2439 – 11º andar) desde o dia 4 de maio, quando aconteceu um evento de abertura da exposição da bicicleta.
Rede cicloviária de São Paulo no Ciclomapa e OpenStreetMap
A Ciclocidade lançou em junho o caderno “CicloMapa / OpenStreetMap – Guia rápido de edição para estruturas cicloviárias de São Paulo”, que teve como objetivo registrar a forma como as infraestruturas cicloviárias da capital são inseridas nas duas plataformas. O material foi produzido em parceria com a União de Ciclistas do Brasil (UCB), ITDP Brasil e contou com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
O projeto é resultado de um trabalho iniciado no segundo semestre de 2021, em que um GT da Ciclocidade com a UCB atualizou toda a malha de São Paulo em ambas as ferramentas. Mais de 2820 trechos foram adicionados e 601 removidos no mapa colaborativo até que o desenho e as tipologias existentes estivessem de acordo com o mapa oficial da cidade, gentilmente fornecido pela CET. Todo o processo também foi acompanhado pela comunidade nacional do CicloMapa.
Bicicultura 2022
A cidade de Belém recebeu, entre os dias 7 e 10 de julho, ciclistas de todo o país no retorno do Bicicultura ao formato presencial. O encontro foi organizado pelo Coletivo ParáCiclo com apoio da UCB. A Ciclocidade teve três trabalhos selecionados para o evento:
- Bicicletário Modelo de Gestão Comunitária;
- Comunidades Escolares que Pedalam;
- Metodologia de Incidência Territorial.
Amazônia Passa Aqui
O Movimento Amazônia Passa Aqui, iniciativa da Coalizão Clima e Mobilidade Ativa – CCMob, foi outro projeto em que somamos no ano de 2022. Ele aconteceu nas capitais das regiões sul e sudeste do país com o objetivo de estimular a reflexão sobre a presença e influência da Amazônia nos grandes centros urbanos, ainda que geograficamente distantes da maior floresta tropical do planeta.
Para isso, foram criados circuitos culturais urbanos nas 7 cidades participantes. Entre os meses de junho e outubro, as ações do projeto aconteceram nesses circuitos, mas eles podem ser percorridos de bicicleta ou a pé de forma autônoma e gratuita. Todos os roteiros estão disponíveis no site da campanha.
Sesc Ideias – Da rua pra casa: Movimentos Sociais e o Direito à Cidade
No dia 28 de julho, o Dir. Geral da Ciclocidade, Ricardo Neres Machado, participou de um encontro virtual da Série Ideias, promovido pelo Sesc São Paulo. O tema do painel foi “Da rua pra casa: Movimentos Sociais e o Direito à Cidade”. No evento, o assunto foi discutido sob as perspectivas do direito à moradia, da mobilidade e da acessibilidade de pessoas com deficiência. O espaço foi de trocas fundamentais para a compreensão dos diferentes pontos de vista e para entendermos quais pessoas são invisibilizadas no planejamento das nossas cidades. Assista na íntegra:
Curso Mobilidade e Interseccionalidade
No mês de agosto, a Dir. Financeira da Ciclocidade, Jô Pereira, foi uma das facilitadoras do curso “Mobilidade e Interseccionalidade”, iniciativa do Fórum Nacional de Reforma Urbana, com realização da Escola da Cidadania do Instituto Pólis. Glaucia Pereira, do Instituto de Pesquisa Multiplicidade Mobilidade Urbana, e Kelly Fernandes, também integraram o time. Nos encontros foi debatida a importância de um olhar interseccional para políticas, programas e projetos que impactam nos deslocamentos cotidianos da população, compreendendo como as desigualdades raciais, de gênero, de classe, dentre outros marcadores sociais, impactam a mobilidade em nossas cidades.
Campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições – SP
Durante o período eleitoral, a Ciclocidade foi uma das organizações da sociedade civil que participou da campanha Mobilidade Sustentável nas Eleições, realizada pela UCB, Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, Cidadeapé, Rede Vidas Ativas e Associação G-14 de apoio aos Pacientes de Poliomielite e Síndrome Pós-pólio.
A iniciativa teve como objetivo cobrar de candidatos o compromisso com formas mais sustentáveis de locomoção, a redução de mortes do trânsito, mais participação social e equidade nos espaços de decisão, além da ampliação dos orçamentos destinados à mobilidade ativa. Foram elaboradas duas cartas para que candidatos ao Executivo e ao Legislativo pudessem assinar e assumir essa responsabilidade com a sociedade.
Os voluntários da campanha também analisaram as propostas para mobilidade de cinco candidatos ao Governo no Estado: Elvis Cezar (PDT), Fernando Haddad (PT), Rodrigo Garcia (PSDB), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Vinicius Poit (NOVO). Para saber quais candidatos assinaram a carta, acesse o site mobilidadesustentavelsp.com.
Menções Honrosas no IX Prêmio Promovendo a Mobilidade por Bicicleta no Brasil
Em setembro, a Ciclocidade recebeu duas Menções Honrosas no IX Prêmio Promovendo a Mobilidade por Bicicleta no Brasil, iniciativa da Transporte Ativo: na categoria “Ação Educativa”, o projeto Comunidades Escolares que Pedalam e na categoria “Levantamento de dados”, o Texto para discussão – Melhores práticas em bicicletários – São Paulo.
Confira aqui a lista com os vencedores de todas as categorias.
Dia Mundial Sem Carro
Semanas antes do Dia Mundial Sem Carro (22/09), iniciamos as conversas entre associados para o planejamento das ações da Ciclocidade para a data. O envolvimento e disponibilidade das pessoas possibilitou que tirássemos do papel todas as ideias que surgiram. Veja o que fizemos:
Solicitações à Prefeitura e Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito: Ricardo Neres Machado, Dir. Geral da Ciclocidade, e o associado Yuri Vasquez foram até a prefeitura para protocolar um ofício com três demandas: o retorno do Programa Sexta sem Carro, a redução dos horários de circulação de automóveis no Minhocão em dias úteis e a ampliação dos horários da Paulista Aberta. As solicitações foram debatidas em conjunto e o texto redigido pelo associado Lucian De Paula. Leia aqui o documento.
Pedal com alunos da EMEF Desembargador Amorim Lima: a atividade foi articulada junto à diretoria da escola por Dionizio Bueno, que é pai de aluno e associado da Ciclocidade, e conduzida com o apoio de Aline Cavalcante, também associada, e um grupo de familiares e docentes da escola. Fizemos um passeio pelo bairro e uma parada no Ponto de Economia Solidária, que é um equipamento municipal de saúde onde existe uma feira de produtos orgânicos. Os alunos puderam visitar a horta comunitária e conhecer algumas espécies comestíveis. Houve também caminhadas pelo bairro e atividades com bicicletas, skates e patins dentro da escola, além de uma conversa sobre o uso da bicicleta como meio de transporte.
Bate-papo na Escola Arco: a conversa foi comandada por Jô Pereira, Dir. Financeira da associação, e aconteceu em uma aula de geografia do 8º ano, espaço gentilmente compartilhado pelo professor e seus alunos. As reflexões abriram espaço para olhares interseccionados do cotidiano à utopia e os jovens puderam refletir para qual perfil da população brasileira a economia, aspectos sociais e políticas ambientais geram mais impactos. Durante a atividade, também foi feito um comparativo dos rastros deixados pela pandemia e pela epidemia de ocorrências no trânsito.
Pedal com alunos da EMEF Paulo Carneiro Thomaz Alves, Gal.: o passeio aconteceu em parceria com o Movimento Amazônia Passa Aqui no dia 13/10, pois a previsão para o Dia Mundial Sem Carro era de chuva. Foram cerca de 3 km de uma aula dinâmica que abordou temas como mobilidade, direito à cidade e a história da Vila Maria, bairro onde fica a escola. Durante o percurso, os alunos foram guiados pelo Dir. Geral da Ciclocidade Ricardo Neres Machado e os associados Yuri Vasquez, Fellipe Germine e Marco Henrique – Fellipe e Marco fazem parte do corpo docente do colégio. O professor Felipe Yanez também auxiliou na atividade. A atividade ainda contou com a parceria da Tembici, que forneceu gratuitamente bicicletas para serem utilizadas no dia.
VIII Semana Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo do IAU-USP São Carlos
Em outubro, a Semana Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo do IAU-USP São Carlos aconteceu em formato presencial pela primeira vez após 2 anos de eventos online, e com a participação da Ciclocidade, que foi representada por Jô Pereira, Dir. Financeira, e Haydée Svab. Elas integraram o painel “Gênero e raça na mobilidade e no acesso do espaço urbano”, realizado no dia 17/10. Em pauta, estiveram questões como mobilidade e acessibilidade com foco na perspectiva de corpos marginalizados e na produção de suas inseguranças nos espaços públicos.
Jovens Mobilizadores
No dia 15 de outubro, Ricardo Neres Machado e Rogério Rai, Diretores da associação, participaram do encontro Jovens Mobilizadores, realizado no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso. O evento fez parte do Geração que Move, programa de treinamento promovido pela ONG NOSSAS em parceria com a UNICEF, que formou jovens na pauta de políticas públicas em mobilidade urbana e resultou em um projeto de criação de mobilizações para pressionar o poder público dentro do tema.
Foi uma ótima oportunidade para discutirmos assuntos importantes para a nossa sociedade e mais especial ainda por nos conectar a uma juventude engajada e que compartilha das nossas mesmas lutas por uma cidade mais equânime e com direitos garantidos a todos que nela vivem.
Passe Livre pela Democracia
O Passe Livre pela Democracia foi mais uma iniciativa em que a Ciclocidade atuou como multiplicadora em seus canais de comunicação. Os resultados da campanha foram extremamente significativos: 432 cidades Brasil afora ofereceram gratuidade no transporte coletivo no dia 30 de outubro, data do 2º turno das eleições. A tarifa zero beneficiou 105 milhões de pessoas e, pela primeira vez na história, a abstenção caiu do primeiro para o segundo turno.
Webinar Novembro Negro – Debate sobre a Luta Antirracista na Mobilidade Urbana
Ricardo Neres Machado e Rogério Rai, Diretores da Ciclocidade, participaram no dia 23/11 do Webinar Novembro Negro – Debate sobre a Luta Antirracista na Mobilidade Urbana, promovido pela UCB. O encontro teve como objetivo discutir, pelo ponto de vista de pessoas negras, o direito de ir e vir e o transporte como um direito social que dá acesso à garantia de outros direitos como saúde, educação, emprego, lazer e cultura. Assista ao evento completo:
O fim do ano foi marcado por mais uma morte de ciclista no violento trânsito de São Paulo. A vítima foi Paulo Flausino, de 29 anos, atropelado por um ônibus municipal na esquina da Av. Nove de Julho com a Alameda Lorena. O caso teve pouquíssima repercussão em veículos de imprensa, como destacou o jornalista Caio Guatelli em matéria para o blog Ciclocosmo, da Folha de S. Paulo.
Um caso similar aconteceu no mês de maio, quando um entregador de 38 anos foi atropelado por um caminhão na Av. São João, no centro da cidade. Falou-se menos ainda, como se esses casos, que não são isolados, fossem algo natural.
Enquanto o poder público não assumir a sua responsabilidade pela violência no trânsito, continuaremos a contar vidas perdidas em mortes que são sempre evitáveis. Há urgência em acalmar o tráfego, reduzir os limites de velocidade, tirar do papel novas ciclovias e ciclofaixas, redesenhar vias problemáticas e aumentar a fiscalização e punição de motoristas infratores, sobretudo aqueles que cometem crimes diariamente na cidade – o caminho para uma São Paulo mais ciclável é longo e por isso a Ciclocidade terá muitas lutas à frente no ano que está por vir.
Para participar com a gente da construção de uma cidade acessível e democrática, associe-se neste link. Nos vemos em 2023!