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GT Gênero publica Nota de Repúdio à violência de gênero ocorrida durante o Bicicultura

Nós, mulheres membras do Grupo de Trabalho Gênero da Ciclocidade expressamos nosso total repúdio às agressões físicas, verbais e emocionais levadas a cabo contra uma das associadas pelo diretor geral da organização no último sábado, dia 9 de setembro, em Recife, durante a realização do evento Bicicultura.

Como grupo de trabalho que luta por equidade de direitos e preza, acima de tudo, pelo bem estar das mulheres em espaços públicos, privados e institucionais, incluindo a própria associação, entendemos que esse comportamento conflita com o modelo de Ciclocidade e de mundo que julgamos mais democrático e justo.

O GT Gênero se solidariza com a vítima e condena as inaceitáveis atitudes do agressor, atual diretor geral. Nós do GT Gênero não compactuamos com essa violência e retiramos nosso apoio à atual gestão enquanto for composta pelo agressor, reivindicando a sua imediata destituição ou renúncia.

A Ciclocidade e seus dirigentes, que tanto já contribuíram para a construção de uma cidade mais humana, promovendo a mobilidade e o uso da bicicleta como instrumento de transformação, devem, com esse triste
episódio, entender o quão presente e enraizado é o machismo, analisando e revisitando suas próprias atitudes, que passam pelo silenciamento de mulheres dentro da instituição, culminando em violência física. Esses comportamentos afetam todos e todas associadas/os, assim como, coloca em cheque todo o sério trabalho realizado ao longo dos anos, bem como a própria imagem da associação.

No pesar da situação se mostrar indesejável sob qualquer aspecto, nos vemos diante de um grande desafio e oportunidade de autoanálise, redefinição dos pilares da instituição, revisão do seu estatuto social, incluindo de forma mais clara o compromisso com as questões de gênero e mecanismos claros e efetivos para combate a situações de violência (em seu sentido amplo), culminando em uma diretoria composta por pessoas que verdadeiramente se alinhem com o princípio basilar do feminismo: igualdade de direitos.

Havíamos decidido recentemente que a nossa associação e seus membros prezariam por não reforçar aspectos relacionados à sociedade machista: falhamos. Nesse sentido, é fundamental revermos nossos comportamentos, nos policiarmos diariamente, coibir de todas as formas comportamentos machistas e termos o compromisso de não dissociar o discurso da prática. É um exercício diário e é fundamental o comprometimento real de todas e todos nessa luta.

Esse episódio, além de todos os prejuízos causados à vítima, acarretou também na renúncia de nossa diretora administrativa e membra do GT Gênero. Uma perda incalculável à instituição e para suas companheiras de luta dentro do GT.

Reiteramos o pleito pela imediata destituição ou renúncia do agressor do cargo de diretor geral da Ciclocidade; sem isso, qualquer compromisso da associação no combate ao machismo restará inócuo.

Nesse sentido, colocamo-nos ao lado da vítima lhe oferecendo todo o apoio que se fizer necessário.

 

Assinam essa nota as seguintes mulheres e membras do GT Gênero:

Amanda Carneiro, membra desde outubro/2015
Carolina Bernardes, membra desde 2017
Cyra Malta, membra desde 2015
Marina Harkot, membra desde janeiro/2015
Letícia Lindenberg Lemos, membra desde janeiro/2015
Priscila Costa, membra do GT desde 2015
Aline Cavalcante
Marcela Duarte

São Paulo, 14 de setembro de 2017

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