HackMobilidade 2018 promove o olhar feminino sobre segurança no trânsito
Um domingo inteiro para pensar como a cidade pode ser mais acessível a partir do olhar de mulheres. Assim foi o HackMobilidade 2018, que reuniu programadoras, cientistas de dados, designers e mulheres de diferentes áreas para pensar novas iniciativas que auxiliem no deslocamento e na ocupação dos espaços públicos.
O evento, em parceria com o USPCodeLab, foi uma iniciativa da Ciclocidade por meio do projeto Iniciativa Global de Segurança Viária (GRSP), e teve o apoio do Laboratório de Inovação em Mobilidade de São Paulo e da Yellow Bike.
No formato Hack Day, as participantes passaram o dia desenvolvendo suas ideias em cima de bases de dados levantadas nos últimos dez meses pela Ciclocidade usando a Lei de Acesso à Informação. São dados como os locais e as características das ocorrências e das vítimas do trânsito, fiscalização, multas manuais e radares, dados de saúde, entre outros.
“Embora todos os dados sejam de órgãos oficiais, até agora não estavam disponíveis para a população em um formato aberto apropriado para análise. Tivemos que batalhar, às vezes durante mais de seis meses, para acessar essas bases, que publicamos agora”, diz Flavio Soares, coordenador do projeto GRSP da Ciclocidade.
Ao final, cada um dos grupos teve poucos minutos para explicar o conceito do novo projeto e responder as dúvidas da mesa julgadora, composta por Ana Carolina Nunes, Diretora de Relacionamento da Cidadeapé, Haydee Svab, Pesquisadora em mobilidade urbana e CEO da Ask-ar e Graziela Tonin, da Universidade Federal da Fronteira Sul.
Haydee comentou sobre a importância do uso e da produção de dados para embasar a discussão sobre segurança pública. “O dado é um vetor para o entendimento de um fenômeno. A partir do cruzamento e análise de dados que já foram levantados, enxergamos outros aspectos que precisam ser mensurados e quantificados”, explica a pesquisadora.
A ideia do Hack Mobilidade 2018 foi proporcionar um dia inteiro de trocas entre mulheres para pensar projetos com foco em segurança no trânsito. O que foi apresentado pelos grupos são as primeiras ideias do que podem vir a ser grandes projetos. Cada apresentação se torna uma espécie de portfólio para as participantes.
Friend Tip foi o destaque do dia. Uma iniciativa que pretende criar uma rede social que conecte mulheres a partir dos seus deslocamentos de bicicleta e sugira uma amiga na hora do pedal. Uma espécie de Vamos Juntas? da bike. O projeto foi apresentado por Iara Pereira, Jéssica Rocha, Lais Aguiar, Michelle Tanaka e Nataly Gonçalves.
A princípio, o aplicativo conectado ao GPS sugere a rota mais segura e eficiente – com menores índices de incidentes e menos subidas. “Nós cruzamos os dados da CET sobre acidentes com ciclistas, com o mapa de ciclovias de São Paulo”, contou Nataly Gonçalves, uma das integrantes do grupo, que trabalha como administradora de empresa.
“Para nós ciclistas, parece mais lógica a relação ciclovia com segurança. Mas ver isso nos números, com mulheres que trabalham com o cruzamento de dados, foi muito interessante. Ganhar foi o de menos!”, completou a ciclista.
Ao todo, cinco projetos foram apresentados tendo em vista não só uma mobilidade mais segura, mas também uma cidade mais democrática. As bases de dados utilizadas pelo HackMobilidade 2018 podem ser baixadas através deste link.
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