Pedale como Marina; pedale por Marina

Um ano depois, familiares e pessoas próximas a Marina Kohler Harkot, atropelada por um motorista embriagado na Zona Oeste de São Paulo em novembro de 2020, organizam atividades para marcar a data e promover debate sobre uma cidade mais gentil e menos centrada no carro.

Marina foi atropelada enquanto pedalava de volta para casa numa gostosa noite de sábado em novembro passado. Fazia o caminho que fez incontáveis vezes em tantos anos com a bicicleta como sua parceira e ferramenta no desfrutar da cidade. Sua volta para casa foi interrompida por um motorista bêbado em alta velocidade, mas também pelo descaso e omissão do poder público e por interesses que tornam a cidade um lugar hostil para pessoas e confortável apenas para os carros.

Para celebrar a vida de Marina, seu pensamento e sua crítica a esse sistema, a família e pessoas próximas a seu convívio estão organizando uma pedalada noturna, partindo do local de seu atropelamento em direção ao que seria seu destino final naquela noite. “Vamos repetir e completar o caminho que ela não pôde terminar. Quem foi mais próximo sabe que Marina conhecia como ninguém os melhores caminhos da cidade, da Zona Oeste a Leste, literalmente. E vamos à noite, porque ela sempre achou pedalar à noite uma delícia”, disse Felipe Burato Romero, marido da pesquisadora.

A pedalada noturna acontece no sábado, 06/11, com concentração às 20h na Av. Paulo VI, altura da Rua Lisboa, em Pinheiros. Familiares e pessoas próximas a Marina estão organizando a distribuição de adesivos e lambe-lambes com frases que remetem às ideias, trajetórias e produções acadêmicas de Marina durante sua passagem pela FAU-USP.

Com esse conjunto de iniciativas, começa a ganhar corpo o Pedale como Marina, um movimento que pretende manter e difundir o legado, pensamento e ações de Marina e dar visibilidade para a magnitude da violência do trânsito de São Paulo.

“Quando pensamos na Marina, imediatamente o que nos vem em mente é o seu jeito carismático de conectar pessoas, ideias e lugares. Costurando a cidade com sua bicicleta, por onde passava deixava um pouquinho de si, do que acreditava, e de como sonhava uma cidade para todes. Por ser quem era, Marina transformou a perspectiva de muitos, construindo redes de afetos pela cidade”, de acordo com Felipe. “Cabe a nós, que tivemos nossos caminhos cruzados pelo de Matina, manter vivas essas conexões e ideias”. Ele também conta que há pessoas apoiando as iniciativas do Pedale como Marina em outras cidades brasileiras e no exterior.

SAIBA MAIS

Como ciclista e habitante de São Paulo, a bicicleta era o meio de Marina se relacionar com a cidade, de vivê-la e experienciá-la com liberdade, rompendo com estereótipos de quem é e não é autorizado a ocupar a cidade e a rua. Cursava doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, na Área de Concentração Planejamento Urbano e Regional e Linha de Pesquisa Políticas Públicas Urbanas.

Investigou as relações entre gênero e mobilidade ativa no mestrado, jogando luz nas limitações impostas a grupos inferiorizados na cidade, com foco nas mulheres e na bicicleta. No doutorado, ampliava seu olhar para as fronteiras invisíveis nas metrópoles, olhando para indivíduos historicamente excluídos e suas experiências como cidadãos. A partir de uma visão feminista decolonial, questionou a não neutralidade do planejamento urbano na formulação de políticas públicas e desenho urbano.

No dia 07 de novembro de 2020, por volta das 23h30, Marina pedalava pela Av. Paulo VI, na zona oeste de São Paulo, quando foi atropelada por José Maria da Costa Júnior, que fugiu sem prestar socorro. José Maria é réu por homicídio, dirigir sob efeito de álcool e fugir sem socorrer a vítima. Ele responde em liberdade. A primeira audiência sobre o caso está agendada para 24/11, mas o réu ainda não foi intimado.

MAIS INFORMAÇÕES

Instagram: @pedalecomomarina  |  Email: pedalecomomarina@gmail.com

Ana Cândida, assessoria de imprensa, +55 11 99959-9893

SERVIÇO

São Paulo – Bicicletada

Sábado, 06/11

Concentração às 20h, saída por volta das 21h em direção ao Centro

Av. Paulo VI (altura da Rua Lisboa)

Belém – Pedalada

Sábado, 06/11

Concentração às 16h

Mercado de São Brás

Belo Horizonte – Pedalada

Sábado, 06/11

Concentração às 10h

Praça do Ciclista

Brasília – Pedalada

Sábado, 06/11

Concentração às 17h

Praça do Compromisso, 704 Sul

Campo Grande – Bicicletada, projeções de falas da Marina e roda de conversa

Sábado, 06/11

Concentração às 18h

Relógio da Verdade (Av. Afonso Pena x R. Galógeras)

Fortaleza – Lambidaço + Bicicletada

Sábado, 06/11

Concentração às 16h30

Praça do Ciclista (em frente à antiga AMC)

Pelotas – Pedalada

Sábado, 06/11

Concentração às 18h30

Praça Coronel Pedro Osório

Porto Alegre – Pedalada

Sábado, 06/11

Concentração às 16h

Saída às 17h, Velódromo

Recife – Lambidaço

Sábado, 06/11

Concentração às 15h30

Praça do Derby

Rio Grande (RS) – Pedalada

Sábado, 06/11

Concentração às 18 horas

Praia do Cassino, no ArtEstação

Rio de Janeiro – Pedalada

Segunda-feira, 08/11

Concentração às 18h30, saída por volta das 19h30

Largo do Machado, perto do chafariz

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