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Por que discutir gênero e ciclomobilidade?

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Ciclocidade cria Grupo de Trabalho de Gênero para levantar dados, criar um diagnóstico sobre a situação das mulheres ciclistas na cidade de São Paulo e fazer propostas e revindicações  para que as políticas de ciclomobilidade sejam verdadeiramente includentes.

A mobilidade é uma das maiores barreiras de acesso das mulheres dentro do ambiente urbano. Historicamente restritas ao ambiente doméstico e às tarefas ligadas ao lar e à família, ao mesmo tempo que foram ganhando espaço no mercado de trabalho acabaram mantendo as mesmas atribuições dentro de casa – resultando em jornadas duplas ou até mesmo triplas.

Assim, as necessidades do gênero feminino no deslocamento não se referem apenas ao ir e vir do trabalho, mas também buscar os filhos na escola, fazer compras no mercado e as diversas outras atividades ligadas ao lar que ao longo da história tem sido atribuídas às mulheres – sem contar no tempo livre e no lazer.

Com o intenso processo de urbanizacão, o debate acerca do direito à cidade e das formas pelas quais esse espaço urbano se configura entra ainda mais em pauta. A presença de mulheres utilizando a bicicleta vem sendo apontada por diversos estudos como um indicador de qualidade de vida nas cidades – por isso é tão importante pensar nas condições oferecidas a elas, seu papel na vida social e quanto ainda é necessário conquistar para que a autonomia e a igualdade de gênero tenham lugar.

O movimento de mulheres pelo voto nos Estados Unidos no final do século XIX enxergava a bicicleta como forma de autonomia e empoderamento feminino, já que “mulher de bicicleta chega aonde quer”. Apesar dos mais de cem anos passados, essa ideia continua atual. Nas contagens de ciclistas em São Paulo, assim como nas realizadas pelo Brasil, observamos uma diferença drástica entre os gêneros, com a grande maioria composta por homens.

As políticas urbanas não são pensadas com enfoque nas necessidades diferentes dos gêneros – e com a ciclomobilidade não é diferente. Acreditamos ser necessário pensar cidades para todas as pessoas e, para isso, é preciso ampliar a participação e a representação feminina no movimento organizado e na discussão acerca do tema para assegurar que as variadas demandas sejam consideradas e contempladas.

O grupo de trabalho de Gênero da Ciclocidade se propõe a debater a atuar a partir das diversas questões que tangenciam o uso da bicicleta por mulheres, bem como na forma como os papéis masculinos e femininos definem a mobilidade no espaço urbano.

Nós, mulheres ciclistas, nos sentimos subrepresentadas tanto nos movimentos sociais organizados quanto nas instâncias responsáveis por desenhar e implementar as políticas de ciclomobilidade. Acreditamos que a promoção da igualdade de gênero no que diz respeito à temática da bicicleta passa pela representação e participação dos diversos grupos envolvidos (incluindo mulheres e LGBTs) afim de construir coletivamente cidades mais equânimes e para todos.

 

“Deixe-me falar o que eu penso sobre a questão das bicicletas. Acho que o ciclismo foi mais importante na emancipação feminina do que qualquer outra coisa no mundo. A bicicleta dá às mulheres um sentimento de liberdade e auto-confiança. Eu comemoro todas as vezes que vejo uma mulher passar de bicicleta: é a expressão da mulher livre e desimpedida.” Susan Anthony (tradução livre)

 

Veja o cronograma de ações previstas para o GT Gênero

Fase 1 : Março a Maio de 2015.

Objetivos: Levantamento de informações e mapeamento da discussão de gênero e ciclomobilidade no Brasil e no mundo. Articulação com lideranças e grupos organizados a fim de entender as diferentes formas de atuação e ação acerca das questões de gênero.

Ações: Trocar experiências, fazer contatos e aprender a partir da expertise e dos grupos e debates já existentes.

Fase 2 : Maio a Setembro de 2015.

Objetivos: Criação de diagnóstico sobre a situação das mulheres (e LGTBs) ciclistas na cidade de São Paulo e fatores que incentivam e desincentivam o uso do meio de transporte.

Ações: Lançamento de campanha em vídeo chamando para a participação em pesquisa que buscará investigar as questões de gênero e mobilidade na cidade de São Paulo. Organização de rodas de conversa e grupos focais para levantar principais questões sobre o assunto e aplicação de questionário online.

Fase 3: Setembro a Dezembro de 2015.

Objetivos: Definição de agenda de propostas e revindicações  que deverão ser utilizadas quando da implementação das políticas de ciclomobilidade para que sejam verdadeiramente includentes.

Ações: Organização de fórum de discussão sobre o diagnóstico publicado. Debate e acordo sobre demandas e propostas à prefeitura municipal de São Paulo.

 

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