201607 ecovias prazer em receber voce proibido bicicletas fb h Foto Ciclista Fabiano

Reivindicamos uma audiência com o Secretário Estadual de Transportes

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O Governo do Estado é omisso, indiferente, por vezes até cruel, com quem opta por se deslocar de bicicleta. Não vamos mais nos calar: reivindicamos uma audiência com o Secretário Estadual de Transportes

 

Dorgival Francisco de Souza foi atropelado e assassinado por um motorista no último domingo (5/7), quando retornava para sua casa em pleno acostamento da Rodovia dos Imigrantes, altura de Diadema. Queremos deixar aqui nossos sentimentos a familiares e amigos(as) da vítima e lamentamos uma vez mais a morte de um ciclista em uma rodovia estadual. A tristeza pela tragédia dessas vidas levadas nos assola continuamente.

Não vamos mais nos calar. Reivindicamos uma audiência com o Secretário de Estado de Transportes para exigir mudanças a partir de um plano de ação emergencial, voltado para quem se locomove pelas estradas estaduais de bicicleta – seja para o transporte, lazer ou treino esportivo.

As estradas e rodovias de São Paulo matam anualmente mais de 6 mil pessoas, entre atropelamentos e colisões, e essa cifra não contabiliza pessoas feridas e com sequelas permanentes. São números alarmantes e tristes, mas que parecem não incomodar o Governo do Estado.

Há muito tempo temos assistido passivamente a realidade excludente das rodovias paulistas, em sua maioria entregues à iniciativa privada sem qualquer rigor ou cobranças por melhorias para quem se desloca de outro modo que não o automóvel. Existe um claro desrespeito aos termos da Lei 12.587, que define uma Política Nacional de Mobilidade Urbana, assim como aos avanços técnicos e conceituais no campo da mobilidade.

A lógica rodoviarista – da velocidade e da fluidez, da duplicação de rodovias, da construção de pontes, túneis e viadutos – parece ainda ser a tônica que orienta o destino dos investimentos estaduais para a mobilidade urbana. Mesmo quando leis nacionais e estaduais obrigam caminhos diferentes.

Com a circulação de ciclistas nestas estradas e rodovias, a negligência do poder público estadual atinge níveis inadmissíveis. O Estado é omisso, indiferente, por vezes até cruel, com quem opta por se deslocar de bicicleta. Com quem se desloca a pé o tratamento é o mesmo: nulo. Um quarto das mortes nas estradas paulistas operadas por concessionárias em 2015 foi de pedestres atropelados.

 

201607 alberto filho

 

Temos acompanhado, com profunda tristeza, inúmeros casos fatais de atropelamentos a ciclistas nas estradas e rodovias paulistas. E pela omissão e apatia do Governo do Estado, pela ausência de soluções concretas, reivindicamos esta agenda urgente com o Secretário Estadual de Logística e Transportes.

Algumas questões são fundamentais de serem respondidas imediatamente, e um plano de ação concreto deve ser elaborado. Questões como:

1) Por que algumas concessionárias ainda insistem em proibir a circulação de ciclistas em determinados trechos, mesmo quando o Código de Trânsito Brasileiro garante a circulação?

2) Desde 1976 – e reforçado em nova legislação em 1998 – o Estado é obrigado a implementar infraestrutura cicloviária em todas as construções de estradas e rodovias. Isto nunca foi feito. Por quê? Pensando na preservação das vidas e em uma reparação histórica, qual o plano do Governo do Estado para mitigar e solucionar esta divída e este descumprimento à legislação?

3) O Estado recebe, das concessionárias, um percentual da cobrança dos pedágios por mês. Por que este recurso não é utilizado para a implantação de infraestrutura cicloviária?

4) Qual o plano de ação do Governo do Estado perante a Década de Segurança Viária da ONU, adotada pelo Brasil, que estabelece a redução de pelo menos 50% de mortes no trânsito até 2020?

Aguardamos resposta para audiência com o Secretário Alberto José Macedo Filho.

A partir dela, talvez possamos iniciar, mesmo que com décadas de atraso, o diálogo entre a sociedade e o poder público, já que não há espaços efetivamente democráticos na gestão da mobilidade do estado de São Paulo, e desdobrar para soluções concretas que aumentem a segurança, o conforto e a qualidade de vida de quem já se desloca e de quem gostaria de se deslocar de bicicleta nas estradas administradas pelo Governo do Estado de São Paulo.

 

Fotografia Ecovias: Ciclista Fabiano.

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