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Relatório Contagem Ponte Eusébio Matoso – Setembro/2018

 

Ponte Eusébio Matoso

Quarta-feira, 12 de Setembro de 2018 

Das 6h às 20h 

Clique para baixar o Relatório de Contagem em PDF.
Clique para baixar a Planilha com os Dados Brutos em XLSX.

INTRODUÇÃO 

A Ponte Eusébio Matoso (Ponte) é uma rota intensamente utilizada por ciclistas locais e aqueles oriundos de regiões periféricas da cidade que se deslocam para locais de trabalho no centro expandido, a USP e estações de metrô e CPTM. Na ponte não existe infraestrutura cicloviária alguma entretanto ela está muito próxima de diversos eixos cicloviários já existentes (da Avenida Eliseu de Almeida, da Marginal Pinheiros, da Avenida Rebouças, da Avenida Faria Lima e da Rua dos Pinheiros). A conexão com estes eixos e melhora da segurança poderia ser substancialmente melhorada com a implementação de infraestrutura cicloviária e sinalização na Ponte e em alguns  pequenos trechos no seu redor.

Desde 1994 existe uma obrigação legal (do licenciamento ambiental da Operação Urbana Consorciada Faria Lima – OUCFL) para ligar a USP com a ciclovia da Avenida Faria Lima. Desde ao menos 2013 ciclistas da Ciclocidade, Bike Zona Oeste, CADES e Conselhos Participativos (de Pinheiros e Butantã), entre outros, insistem formalmente pela implantação desta estrutura e os trechos no seu redor (inclusive devido ao uso intenso e insegurança existente). Em 5 de Abril de 2016 o projeto para construção de uma ciclopassarela ao lado desta Ponte e da ponte Bernardo Golfarb bem como outras estruturas no entorno foram aprovadas pelo Grupo Gestor da OUCFL, com recursos reservados (publicado no Diário Oficial dia 22 de Setembro de 2016) e previsão de entrega inicial para 2017. Em 2017 e 2018 ocorreram audiências públicas (com presença de Secretário de Mobilidade e Transporte, Prefeito Regional de Pinheiros e auditório lotado de moradores e comerciantes) e o apoio para o projeto da Ciclopassarela foi unânime (baseado inclusive no compartilhamento de documentos de apoio, tais como abaixo assinado, dados sobre insegurança, ofícios, manifestações de entidades, moradores e comerciantes, etc). Mais recentemente foi informado no Grupo Gestor da OUCFL que o cronograma da Ciclopassarela foi revisado e a entrega agora está prevista para início de 2021.

Projetos cicloviários aprovados para a Ponte e região, com recursos reservados, em Abril de 2016:

A demora na implementação destas infra estruturas tem sido questionadas por representantes da sociedade com mandato no Grupo Gestor da OUCFL e em outros espaços formais de diálogo com a Prefeitura, entidades, moradores e comerciantes, entre outros. Estes questionamentos e as demandas por outras ações adicionais ou mitigadoras nesta região (compiladas no capítulo final deste relatório) também tem sido apresentadas no âmbito da Câmera Temática da Bicicleta (em 2016, 2017 e 2018) e aguardam respostas da CET e SMT.   

Esta é a primeira vez que a Ciclocidade faz um levantamento de ciclistas nesta Ponte.   

O método utilizado para a contagem foi desenvolvido pela Associação Transporte Ativo, do Rio de Janeiro (www.transporteativo.org.br). Trata-se de uma planilha com um desenho esquemático do local, com espaços a serem preenchidos com a origem e destino do ciclista, além de informações complementares como acessórios, faixa etária, gênero, tipo de bicicleta, etc.

LOCAL DA CONTAGEM 

No início da Ponte Eusébio Matoso, canto Pinheiros (Nordeste). Na imagem de satélite (que tem o Norte orientado para cima, assim como em todos os mapas deste relatório) o local de contagem pode ser reconhecido como o canto da Ponte com mais vegetação.  

 

FLUXO

Os resultados totais desta contagem e por faixa de horário são apresentados abaixo.

NÚMERO TOTAL DE CICLISTAS 1.164
Média de ciclistas por hora 83,14
Média de ciclistas por minuto 1,39

Número de ciclistas que passaram pelo cruzamento no período de 14 horas

 

Horários mais intensos de fluxo de ciclistas:

Período da manhã: de 6h às 8h, totalizando 203 ciclistas

Período da noite: de 16h às 18h, totalizando 231 ciclistas

 

Os resultados desta contagem (1164 ciclistas no total) indicam que a Ponte apresenta um alto uso mesmo com a falta de infra estrutura cicloviária. Para efeito de comparação, ainda que resguardadas as particularidades e contextos  de cada local, a Ciclocidade anteriormente havia contabilizado 1062 ciclistas na ponte da Cidade Universitária  (ao Norte da da Ponte Eusébio Matoso) e 643 na ponte da Freguesia do Ó.

GRÁFICOS – ORIGENS E DESTINOS

Seguem abaixo os resultados dividido por origens e destinos dos ciclistas, bem como estrutura usada (rua ou calçada).

A nomenclatura usada nos títulos abaixo se refere a local de origem.


Os resultados indicam que as calçadas são as estruturas mais  utilizadas (75% do total, sendo que destas 80% ocorrem somente na calçada do lado Norte).

GRÁFICOS – GÊNERO E FAIXA ETÁRIA

 

 

Uma estrutura segura atrai mais ciclistas, principalmente mulheres e crianças. O resultado para a proporção de mulheres (11%) na Ponte pode ser considerado alto, maior do que em outros locais sem infra estrutura cicloviária aonde a Ciclocidade fez contagens (por exemplo na Avenida Eliseu de Almeida, localizado próximo da Ponte,  o mesmo índice de 11% somente foi atingido após a instalação de ciclovia). 

GRÁFICOS – TIPOS DE BICICLETA

Seguem abaixo os resultados dividido por tipo de bicicleta.

 

O fluxo bicicletas cargueiras ou de serviço na Ponte, 2% do total, pode ser considerado um valor relativamente alto. Na Ponte da CIdade Universitária havia sido identificado 0% deste tipo de uso e os mesmos 2% na Freguesia do Ó.

 

Não há estações de bicicletas compartilhadas do tipo com estação fixa na região do Butantã, o que deve explicar a ausência de bicicletas deste tipo. Já as bicicletas do tipo dockless , notoriamente a da marca Yellow, foram identificadas em proporção muito alta (9%), sobretudo considerando que elas são relativamente recentes e não tem tido incentivos para elas pararem nos bairros do lado Butantã (pelo contrário, atualmente a taxa nesta região é mais cara).

GRÁFICOS – DADOS COMPLEMENTARES

Seguem abaixo os resultados de contagens de outros parâmetros.

O uso de luzes nos períodos entre 6h-8h e 17h-20h na Ponte (42%) pode ser considerado alto, comparado com o identificado na Ponte Cidade Universitária (35%) e Ponte Freguesia do Ó (4%).

 EM NÚMEROS 

Complementos nº de ciclistas % aproximada de ciclistas
Mulher 131 11%
Criança/Adolescente 21 2%
Maior de 60 15 1%
Carona / Garupa 2 0%
Mochila / Bagagem 888 76%
Luzes * 232 42%
Capacete 511 44%
Na contramão 0 0%
No corredor de ônibus 2 0%
Serviço, Cargueira ou triciclo 27 2%
Elétrica 8 1%
Skate, Patins ou patinete 6 1%
Yellow Bike 99 9%
Bike Sampa (Itaú) 0 0%

 * para os períodos entre 6h-8h e 17h-20h

ASPECTOS TERRITORIAIS – LOCAL DA CONTAGEM E ARREDORES 

TIPO DE ESTRUTURA CICLOVIÁRIA

Não há estrutura cicloviária alguma na Ponte, nem sinalização adequada para proteger ciclistas ou pedestres.

 

NÚMERO DE FAIXAS DE TRÁFEGO MOTORIZADO

Três faixas de tráfego motorizado de cada lado, sendo uma delas corredor exclusivo de ônibus.

 

 

VELOCIDADE REGULAMENTADA NA VIA

A velocidade regulamentada na Ponte Eusébio Matoso é de 50 Km por hora e onde há faixas de pedestre é de 40 Km por hora (por vezes indicada apenas próxima da faixa). A sinalização é ineficiente e se nota pouca fiscalização, facilitando o não cumprimento por parte dos motoristas e motociclistas destes limites e de outras regras.  

 

CONEXÕES

 

  1. Transporte Público

A ponte tem intenso passagem de ônibus via corredor exclusivo e está próxima da estação Butantã da linha 4 do metrô, bem como estação intermodal (metrô/CPTM/ônibus) Pinheiros e estação Rebouças-Hebraica da CPTM.

 

 

  1.     Infraestruturas Cicloviárias de Acesso e no Entorno

Do lado Pinheiros (Nordeste) a Ponte tem acesso (duplo)  sem lombofaixa ou outras estruturas efetivas de redução de velocidade. Nestes locais os motoristas costumam passar em velocidade acima da permitida e desrespeitar as faixas de pedestres.  

 

A menos de 1km da ponte existe a estação Pinheiros e estação/ciclovia da Avenida Faria Lima, bem como ciclofaixa da Rua dos Pinheiros (faltando apenas algumas centenas de metros para conectar com estas estruturas cicloviárias e estações). Debaixo da ponte existe a ciclovia da Marginal Pinheiros, entretanto sem acesso algum na Ponte ou região.

Do lado Pinheiros (Sudoeste) a Ponte tem acesso (duplo) com lombofaixas (o que contribui para a redução da  velocidade e maior respeito com as faixas de pedestres). A estrutura cicloviária mais próxima é a ciclofaixa da estação/Avenida Rebouças (faltando apenas algumas dezenas de metros para conectar com esta estrutura cicloviária e estação).

 

 

Do lado Butantã (Noroeste) a Ponte tem acesso via lombofaixa e está muito próxima (faltando apenas alguns metros para conectar com esta estrutura cicloviária) da ciclofaixa na Rua Lemos Monteiro que segue até a USP. Nesta rede faltam apenas algumas dezenas de metros de estrutura cicloviária na Rua Romeu Gomes e Rua Camargo para conectar diretamente a ponte com a Estação Butantã de metrô e a rede da ciclovia da Eliseu de Almeida.

Do lado Butantã (Sudoeste) a Ponte tem acesso sem lombofaixa ou outras estruturas efetivas de redução de velocidade (neste local os motoristas costumam desrespeitar a faixa de pedestres). A estrutura cicloviária mais próxima são as ciclofaixas da Rua Lemos Monteiro e da Avenida Lineu de Paula Machado (faltando apenas algumas dezenas de metros para conectar com estas estruturas cicloviárias).  

  1.    Equipamentos Culturais, de Lazer, Educacionais, de Saúde etc.

Há menos de 1km há um shopping center com cinema e teatro, um local permanente de food trucks com música ao vivo, dois centro culturais e esportivos, um Jóquei, entre outros.

USO DO SOLO

Na ponte, e abaixo dela, o uso é apenas para transporte e mobilidade. Após as alças de acesso prevalece o comércio e escritórios com alguns bolsões de uso residencial.

Vale destacar que a Ponte  e Marginal é muito movimentada, ruidosa e com poluição agravada pelo  tráfego de caminhões e ônibus.

 

 

ARBORIZAÇÃO

Existem várias árvores próximas das alças de acesso bem como na margem do Rio Pinheiros, entretanto poderiam ser adensadas e melhor cuidadas.

CALÇAMENTO

O calçamento, apesar de recente e em geral liso, apresenta alguns buracos (largos, fundos e perigosos).

CONCLUSÕES

Os resultados desta contagem indicam que a Ponte tem um uso muito alto (maior do que nos outros locais de contagem realizadas em Pontes), sobretudo via as calçadas (75% do total das viagens, sendo que destas 80% ocorrem na calçada do lado Norte). Também é notório os índices altos para pessoas que usam iluminação (42%, no período noturno), mulheres (11%), bicicletas Yellow (9%).

Estes dados comprovam que este local é muito importante como rota de ciclistas, apesar da ausência de qualquer estrutura cicloviária e de riscos inaceitáveis para quem ali frequenta (seja ciclista seja pedestres, entre outros).

 

Esta contagem comprova a necessidade urgente da instalação de infraestrutura cicloviária na Ponte e no seu entorno, inclusive as previstas desde 1994, publicadas no Diário Oficial em 2016 e aprovadas em Audiência Pública em 2017 e 2018. A demora na implementação da infra estrutura vem sendo questionada de diferentes formas (em reuniões oficiais, na mídia, abaixo-assinados, etc) por representantes do Grupo Gestor da Operação Urbana Faria Lima, por entidades, comerciantes e ciclistas. As demandas urgentes incluem:

 

  • antecipação do cronograma de instalação da infraestrutura cicloviária já prevista no entorno da Ponte e da Ciclopassarela

  • implementação urgente de  conexão da Ponte Eusébio Matoso com a Ciclovia da Marginal Pinheiros

  • conserto dos buracos na calçada da Ponte

  • instalação de lombofaixa, redutor de velocidade ou outra formas eficazes de acalmamento, em alças de acesso da Ponte (no canto Sudoeste e nos dois acessos do canto Nordeste)

  • redução localizada da velocidade na pista da Avenida Eusébio Matoso (atualmente 50km/h) na aproximação com a saída para o acesso da Ponte no canto Nordeste (onde a velocidade máxima passa a ser de 40km/h mas é informada apenas muito próxima da faixa de pedestres que fica quase na esquina)

  • instalação de sinalização que oriente e proteja os ciclistas, bem como os pedestres

  • conexão da Ponte e futura Ciclopassarela através de pequenas estruturas cicloviárias até a estação Butantã de Metrô e Ciclovia da Eliseu de Almeida (com complementação de pequenos trechos de <0.1km na Rua Lemos Monteiro, Rua Romeu Gomes, e Rua Camargo).

  • conexão da Ponte e futura Ciclopassarela através de estruturas cicloviárias até a estação/ciclofaixa da Avenida Rebouças (<0.2km)

  • conexão da Ponte e futura Ciclopassarela através de estruturas cicloviárias até a estação Pinheiros (<1km)

  • conexão da Ponte e futura Ciclopassarela através de estruturas cicloviárias até a estação/ciclovia Faria Lima e ciclofaixa da rua dos Pinheiros (<1km)

Realização

CICLOCIDADE – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo

www.ciclocidade.org.br

contato@ciclocidade.org.br

 

Coordenadora geral: Tais Balieiro

Coordenador local: Sasha Hart

 

Colaboradores voluntários:

Jô Pereira

Fernando de Abreu

Rachel Schein

Fellipe Rinco

Lucas Hart

Thais Oewel

Aline Cavalcante

Paulo Alves

Manuela

Adriana Marmo

Fabio Miyata

Luiz Andrade

Bosco

Ronaldo Reina

Theresia- Louise

Esta contagem foi feita de acordo com metodologia desenvolvida pela

Associação Transporte Ativo

www.ta.org.br

 

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