Relatório de Contagem de Ciclistas – Av. Radial Leste 2017
Radial Leste
Quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Das 6h às 20h
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INTRODUÇÃO
A Radial Leste é um conjunto de vias que formam um dos principais eixos viários arteriais da Zona Leste, sendo assim, encarregada de comportar um intenso fluxo de pessoas se deslocam diariamente dos bairros da região em direção ao centro da cidade. Lado a lado à via está a linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo, que só no mês de setembro deste ano transportou mais de 29 milhões de passageiros de acordo com o Portal da Transparência da companhia. Trata-se, portanto, da linha de maior demanda do sistema metroviário.
A Radial Leste dispõe de uma ciclovia com 12 quilômetros de extensão total, inaugurada em 2008 pela Companhia do Metropolitano de São Paulo. A ‘Ciclovia Caminho Verde’ liga a Estação Itaquera (Arena Corinthians) à Estação Tatuapé, percorrendo todo o seu trajeto paralela ao muro que a separa do sistema férreo metroviário. Segregada, fica localizada entre os trilhos e uma via expressa de alta densidade de tráfego motorizado, com poucas intersecções ao longo do caminho, o que cria barreiras que dificultam seu acesso e sua integração com a vida urbana do entorno.
Dada a importância que esse eixo representa à cidade e à alta demanda de deslocamentos que fluem pelo trajeto, escolhemo-lo como ponto de contagem a fim de efetivar um levantamento estatístico de ciclistas que trafegam pelo local. O ponto mais problemático de toda extensão da ciclovia presente no eixo é a chegada ao Metrô Tatuapé, onde a infraestrutura termina abruptamente. É ali onde o ponto de contagem foi situado.
Desde que foi inaugurada há nove anos, a ciclovia traz consigo um grave problema que pode ser aplicado a outras ciclovias da cidade. Trata-se da descontinuidade da infraestrutura, que termina abruptamente numa estação do metrô, colocando os usuários da ciclovia em conflito com o alto fluxo de pedestres que desembarcam dos ônibus e caminham em direção ao mezanino da estação, seja para embarcar nos trens do Metrô ou da CPTM, seja para cruzar a avenida, ou mesmo os trilhos em direção aos bairros localizados ao norte da ferrovia.
Em seguida, um segundo conflito é gerado. A falta de conexão dessa, que é a principal ciclovia arterial da Zona Leste, com a rede faz com que ciclistas dos mais variados perfis disputem espaço com ônibus do sistema estrutural (veículos com até 23 metros de extensão que percorrem ligações troncais de grande distância) na faixa exclusiva, já que grande parte dos fluxos cicloviários identificados na contagem provenientes da ciclovia seguiam em direção ao centro, trecho que é desatendido pela infraestrutura cicloviária.
A descontinuidade da infraestrutura cicloviária em linha reta de forma a percorrer a própria avenida, dando continuidade ao traçado já existente e proporcionando a ligação mais direta e plana possível com o centro, mostrou-se problemática. Apesar da existência de ligações cicloviárias que percorrem o interior dos distritos do Tatuapé, Moóca e Brás (ainda que estejam incompletas), não é esta a rota natural daqueles que vêm de longas distâncias, o que resultou num reduzido número de ciclistas que tinham a Rua Tuiuti como origem ou destino de fluxos.
Por outro lado, as interrupções nesse trajeto ocasionadas pela inexistência de ciclovias em alguns trechos ao longo dessa rota, tais como a ponte sobre a Avenida Salim Farah Maluf e o Viaduto Bresser, também podem comprometer o interesse em optar pelo circuito proposto pela área interna dos bairros. Não há sequer ligação direta desse conjunto de ciclovias com a Radial, tendo seu percurso iniciado à fachada do Shopping Tatuapé oposta à avenida, e a rua Tuiuti, que possibilita a ligação entre essa rota e a passarela que dá acesso à ciclovia Caminho Verde, possui mão única de direção.
Outra barreira identificada foi a própria travessia, que só é praticável através de uma longa passarela que dá acesso ao sistema de trens e metrô. Além das interrupções ao longo do trajeto e do próprio acesso problemático, a falta de sinalização indicando a possibilidade de chegar ao centro através daquelas ciclovias também pode resultar em baixa adesão.
A complexidade da contagem foi justamente em observar os fluxos que subiam a passarela, pois os destinos dessas pessoas eram imprevisíveis e a necessidade de acompanhá-las com o olhar durante todo o percurso até o fim da travessia elevada foi fundamental para que pudéssemos conferir com precisão as origens e destinos daqueles que passaram pelo ponto de contagem.
Um fator curioso registrado na contagem foi o de ciclistas que vão até o final da ciclovia e, ao se depararem com a descontinuidade da infraestrutura, retornam em direção ao mesmo local de origem, criando um novo fluxo não previsto para o levantamento. Este fluxo é computado no total apresentado nesta contagem, mas não nos gráficos de origem-destino.
Por fim, vale ressaltar que, apesar do dia ensolarado, a contagem foi realizada numa semana chuvosa, o que pode ter influenciado na quantidade total de ciclistas que passaram pelo local comparada a quantidade total de ciclistas que por lá passam cotidianamente.
Sobre o método
O método utilizado para a contagem foi desenvolvido pela Associação Transporte Ativo, do Rio de Janeiro (www.transporteativo.org.br). Trata-se de uma planilha com um desenho esquemático do ponto de contagem, com espaços a serem preenchidos com a origem e o destino do ciclista, além de informações complementares, como acessórios, faixa etária, gênero, tipo de bicicleta etc.
LOCAL DA CONTAGEM
Estação Tatuapé do Metrô, sobre a Radial Leste
RESULTADOS
NÚMERO TOTAL DE CICLISTAS: 541
Média de ciclistas por hora: 38,64
Média de ciclistas por minuto: 0,64
Número de ciclistas que passaram pelo trecho no período de 14 horas
Horários mais intensos de fluxo de ciclistas:
Período da manhã: de 7h às 8h, totalizando 89 ciclistas
Período da noite: de 18h às 19h, totalizando 67 ciclistas
GRÁFICOS – ORIGENS E DESTINOS
Ilustração com o total de origens e destinos dos ciclistas.
GRÁFICOS – GÊNERO E FAIXA ETÁRIA
Como acontece em praticamente todas as contagens realizadas em pontos com alto risco à vida de ciclistas, a presença de mulheres pedalando no local é baixíssima, ficando no patamar de 2%. O número de adolescentes chega até a surpreender, alcançando 4%, concentrados em uma faixa de horário de saída escolar.
GRÁFICOS – TIPOS DE BICICLETA
Dado o local da contagem, chega a surpreender também o registro de algumas, ainda que muito poucas, pessoas transitando em skate ou em bicicletas públicas do Bike Sampa.
GRÁFICOS – MODO DE DESLOCAMENTO
Ainda que a ciclovia da Radial Leste seja lado a lado a uma via expressa, a contagem registrou a presença de ciclistas que dividem a pista com os automóveis, em especial com os ônibus que trafegam na faixa dedicada, que é a faixa imediatamente lateral à infraestrutura cicloviária. É possível que tais ciclistas, ao conhecerem o percurso e saberem que a ciclovia termina no local do ponto de contagem, tenham deixado a estrutura antes para ganhar velocidade.
A proporção de ciclistas “na contramão” ou “na calçada” é bastante similar, pois normalmente se referem a ciclistas que vêm do centro, seguindo a linha de desejo pela contramão para conseguir acessar a infraestrutura cicloviária que começa na estação Tatuapé, ou ciclistas que vêm da zona leste e prolongam a segurança da ciclovia pelo trecho de calçada presente na própria estação.
GRÁFICOS – DADOS COMPLEMENTARES
Realização
CICLOCIDADE – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo
www.ciclocidade.org.br
contato@ciclocidade.org.br
e
Bike Zona Leste
Coordenadora geral: Tais Balieiro
Coordenador local: Felipe Claros
Colaboradores voluntários:
Adriana Marmo
Eduardo Magrão
Domingos Pimentel
Flavio Soares
João Alexandre Binotti
João Bosco
Lucas Cividanes
Márcia Ferreira Nogueira
Marcos de Luca
Nathan Kotujansky
Ulisses Marcellus
Esta contagem foi feita de acordo com metodologia desenvolvida pela
Associação Transporte Ativo
www.ta.org.br