Semana da Mobilidade 2019 – Organizações respondem perguntas sobre mobilidade
No mês de setembro, nos juntamos a outras organizações envolvidas com a mobilidade para responder perguntas sobre o tema. Ao todo, foram 10 questões levantadas que discutem importantes aspectos da vida nas cidades. No mês de setembro, nos juntamos a outras organizações envolvidas com a mobilidade para responder perguntas sobre o tema. Ao todo, foram 10 questões levantadas que discutem importantes aspectos da vida nas cidades.
Organizações participantes: Bike Anjo, Ciclocidade, Cidade Ativa, Corrida Amiga, ICS, Iniciativa Bloomberg, Instituto Cordial, Sampapé, Quicko, Rede Nossa São Paulo, WRI Brasil.
Por que abordar a mobilidade urbana a partir do caminhar?
A mobilidade urbana é a condição dos deslocamentos nas cidades. Isso significa que as dinâmicas que se dão nas cidades não são apenas pelos modos transporte disponíveis, mas também pela distribuição da moradia e oportunidades na cidade, pela experiência no espaço público, pelas trocas entre as pessoas, pela qualidade do ar, entre tantas outros elementosque impactam nas condições de se deslocar e acessar a cidade. Abordamos a mobilidade a partir do caminhar, pois além de ser como todas as demais alternativas e lugares se conectam e ser a forma mais inclusiva e sustentável de estar na cidade, a perspectiva a pé, coloca as pessoas como protagonistas e agrega um olhar mais complexo e humano à vida nas cidades. (Leticia Sabino, SampaPé!)
O que a mobilidade urbana tem a ver com as mudanças climáticas?O que a mobilidade urbana tem a ver com as mudanças climáticas?
A mobilidade urbana está diretamente relacionada às mudanças climáticas, especialmente se olharmos para os grandes centros urbanos, onde as emissões do setor de transportes são protagonistas. Vale lembrar que o agravamento da qualidade do ar e o aumento dos impactos decorrentes pelas mudanças do clima possuem o mesmo ponto de partida: o escapamento dos veículos. Por isso, é importante trabalharmos para a redução do uso do transporte individual eincentivar os modos ativos e coletivos. Também não podemos esquecer que mobilidade urbana tem a ver com a distância diária de deslocamento das pessoas, sendo assim, garantir acessibilidade à população é outra chave para combater as mudanças climáticas. Dessa forma, garantimos cidades mais sustentáveis e resilientes. (Marcel Martin, Instituto Clima eSociedade)
Como será a mobilidade do futuro?
“Compartilhada, sustentável e inteligente. Nossas ruas estarão preparadas para que inovações em serviços de transporte possam conviver em harmonia. As novas tecnologias devem aproximar as pessoas à informação, promover opções de transporte mais saudáveis e aumentar o acesso às oportunidades das cidades.” (Luisa Feyo Peixoto, Quicko)
Como eu posso colaborar para melhorar a mobilidade urbana na minha cidade?
A mudança começa com a reflexão sobre os meios de transporte que utilizamos no dia a dia. Quando caminhamos, pedalamos ou usamos o transporte público, é possível identificar desafios e oportunidades. Com isso, podemos mapear e nos engajar em discussões e grupos de trabalho que tratam do tema para reivindicar transformações na infraestrutura e garantir melhores oportunidades de acesso à cidade. (Mariana Wandarti, Cidade Ativa)
Quais os benefícios da mobilidade ativa?
Os deslocamentos de forma ativa são os mais saudáveis – para as pessoas e para as cidades.Para que as pessoas usem mais esse tipo de mobilidade no dia-a-dia, porém, são necessários alguns incentivos. Caminhar, pedalar, andar de skate – todos requerem esforço físico. Logo a infraestrutura urbana precisa ser segura e confortável em todas as rotas. Bom pavimento, travessias seguras, arborização são algumas das características desejáveis. Velocidades mais baixa (40 km/h ou menos) e boa iluminação das calçadas e ciclovias também tornam o ambiente mais atrativo. (Paula Santos, WRI Brasil)
Como o governo pode atuar para melhorar a mobilidade urbana?
Somando esforços à sociedade para construir políticas públicas baseadas em evidências. A mobilidade é um tema complexo que interfere na vida de todos que vivem na cidade. Atuar de forma inteligente buscando garantir uma mobilidade segura, eficiente e justa a todos envolve não apenas conhecimento técnico, mas ação articulada a outros atores da sociedade, entendendo as necessidades da população e somando esforços para fazer as melhores perguntas aos muitos dados disponíveis, procurando sempre respostas para embasar intervenções e políticas públicas. (Luis Fernando Villaça Meyer, Diretor de Operações – Instituto Cordial)
O que as pessoas ganham ao trocar o carro por outro meio de transporte?
Importante ressaltar que, no Brasil, 2/3 dos deslocamentos já são realizados a pé e por transporte público coletivo. O transporte público tem um papel fundamental a desempenhar no incentivo de viagens mais ativas, uma vez que a maioria das viagens envolve um passeio de ida e volta para o transporte público em comparação com a experiência muito mais sedentária de viajar de carro. Então, ao trocar a viagem individual motorizada por modos ativos ecoletivos, ganha-se muito em termos: ambientais, sociais, emocionais, de bem-estar, econômicos, culturais, de cidadania, apropriação do espaço público, e por aí vai. A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2011), por exemplo, recomenda 150 minutos de atividade física por semana, facilmente conquistados ao se optar pelo deslocamento ativo. Há ainda os ganhos na melhoria da qualidade ambiental do espaço público com um ambiente confortável, baixo nível de ruído, melhora da qualidade do ar (no município de São Paulo, apesar de levar apenas 30% dos passageiros, os automóveis são responsáveis por 73% das emissões de GEE (IEMA, 2017).(Corrida Amiga)
Qual o principal desafio de um plano de mobilidade urbana?
Um dos principais desafios dos planos de mobilidade urbana é estabelecer caminhos factíveis, e ao mesmo tempo ousados, para que as cidades passem a priorizar os modos ativos e coletivos de deslocamento. Pode parecer pouco, mas trata-se de uma verdadeira transformação dos centros urbanos. Significa que pedalar, caminhar ou pegar ônibus, trens ou metrôs deverão ser avaliados pelas pessoas, nos próximos anos, como as formas mais eficientes e seguras de locomoção. Mais do que pegar um carro ou um Uber, por exemplo. Estima-se que dois terços das pessoas viverão em áreas urbanas até 2050. Nas cidades, aprincipal fonte de emissão dos gases estufa é o transporte, fazendo com que ambos – as cidades e os modos de transporte – tenham papel cada vez mais central no desafio das mudanças climáticas. (Ciclocidade)
Como a segurança no trânsito ajuda a garantir uma melhor mobilidade para todos?
O tema da segurança viária e da melhoria da mobilidade urbana são totalmente convergentes. Quando priorizamos os modos ativos e coletivos de transporte, e reduzimos o número de veículos automotores circulando nas cidades, geramos mais segurança viária para a população, já que diminuímos significativamente a exposição das pessoas ao risco de atropelamento. A mobilidade ativa de pedestres e ciclistas aumenta quando há mais espaço e melhores condições de infraestrutura nas ruas. Com isso, além de mais faixas e corredores exclusivos de ônibus e transporte sobre trilhos, atinge-se uma divisão do espaço mais igualitária e que estimula um maior deslocamento de pessoas e não só de veículos. (Pedro de Paula, Iniciativa Bloomberg para a Segurança Global no Trânsito)
O que a mobilidade urbana tem a ver com as mudanças climáticas?
A relação entre a mobilidade urbana e as mudanças climáticas está pautada principalmente pelo consumo excessivo de energia para o deslocamento das pessoas nas cidades, que é agravado pelo alto potencial poluente da mesma. Isto é, os modelos de cidades atualmente exigem grandes deslocamentos diários (por exemplo, de casa ao trabalho) e estes deslocamentos são realizados, muitas vezes, por meios de transporte ineficientes – como os automóveis – e movidos a combustíveis fósseis com elevada emissão de gases de efeito estufa.Reduzir a necessidade de longos deslocamentos diários e promover meios de transportes eficientes e limpos são passos importantes para reduzir os impactos da mobilidade urbana nas mudanças climáticas. (Cristina Albuquerque, WRI Brasil)