Preâmbulo
Desde sua fundação, a atuação da Ciclocidade tem crescido muito. De uma associação que contava apenas com o recursos de suas associadas e associados em 2009, seu crescimento trouxe novas formas de financiamento que proporcionaram um aumento significativo de suas ações, não só quantitativas, mas também qualitativas, sendo hoje de extrema relevância na defesa dos direitos relacionados ao uso da bicicleta em São Paulo. Este crescimento faz necessária uma política clara e transparente de financiamento da organização. Com o objetivo de alinhar as expectativas de associadas e associados a um modelo sustentável a longo prazo, a diretoria eleita para o biênio 2016 – 2018 iniciou uma série de discussões baseadas nas seguintes diretrizes:
- Diversificação das fontes de financiamento;
- Ampliação da autonomia (financeira) da associação;
- Diminuição para até 50% a participação de um único patrocinador institucional até o final de 2017, ativando outras forma de financiamento;
- Fortalecimento de parcerias com organizações estratégicas e presença institucional nacional e internacional.
As discussões realizadas com associados, associadas e participantes externos no primeiro semestre de 2017 resultaram no seguinte conjunto de Regras de Ouro, a na lista de quem pode financiar a Ciclocidade, quem talvez possa financiar a Ciclocidade, dependendo da decisão soberana de associadas e associados e quem não pode financiar a Ciclocidade em nenhuma hipótese, além do conjunto de modelos de financiamento que poderão ser empregados.
Estas discussões foram ratificadas na Assembléia Geral Ordinária de 02 de Setembro de 2017 e devem estar públicas e em destaque no site da Ciclocidade.
Regras de Ouro
- Ter transparência pública das receitas e da execução financeira das contrapartidas a financiadores;
- Não aceitar empresas envolvidas em casos de corrupção;
- Privacidade dos dados das associadas e associados junto a financiadores;
- Separar e ter clareza sobre o que é financiamento institucional e o que é financiamento para projetos;
- Ter agenda constante de debates com associadas e associados para definir fontes de recursos;
- Na captação para projetos, deve ser incluído um overhead(1) para despesas recorrentes da Associação;
- Não deve haver nenhum nível de interferência por parte de apoiadores ou financiadores nas decisões da Ciclocidade;
- Financiadores e apoiadores não devem fazer nenhuma ação em nome da Ciclocidade, salvo com aprovação expressa;
- Não haver exclusividade de apoios e financiamentos;
- Nunca ter apenas um único apoiador institucional;
- A Ciclocidade não deve ter mais de 50% do valor de financiamento total oriundo de uma mesma fonte, durante 1 ano fiscal;
- Privilegiar empresas com certificações (como ISO e afins);
- Financiadores não podem estar na lista suja do trabalho escravo;
- Empresas (PJ) e Pessoas Físicas associadas estão sujeitas às mesmas regras desta política.
(1) Percentual de contribuição para conjunto de despesas operacionais e administrativas da Associação.
Modelos de financiamento possíveis
- Crowdfunding (arrecadação coletiva de doações financeiras na Internet);
- Geração de renda própria / negócios sociais (venda de serviços, tecnologias e know how, etc. de que a organização dispõe e de produtos feitos pela organização);
- Eventos especiais tais quais exposição de fotos e artes em bairros da periferia e outros, festas; eventos grandes para discussão da bicicleta, palestras, etc.;
- Endowement / fundos (um capital que gera taxas de remuneração em aplicações financeiras para cobrir as despesas operacionais da organização);
- Microdoações;
- “Cara a cara” (abordagens na rua ou em eventos);
- Marketing relacionado a causas (exemplo: livros com a Editora Mol);
- Busca junto a grantmakers (exemplos: Bloomberg, ICS, Oak Foundation, etc.);
- Crescimento da base de associadas e associados;
- Na captação direta por projetos, deve ser incluído overhead ou, na impossibilidade, alocação de custos administrativos (em proporção semelhante) da Associação, nas seguintes proporções: projetos de até R$ 10 mil(2) – contribuição de 5%, projetos até R$ 50 mil – contribuição de 10%, projetos até R$ 100 mil – contribuição de 15%, projetos acima de R$ 100 mil, contribuição de 20%.
(2) Considerando-se o montante captado.
Quem pode financiar a Ciclocidade (institucional ou por projeto)
- Associadas e associados (PF e PJ);
- Pessoas físicas não associadas;
- Financiamento recorrente de pessoas físicas;
- Via crowdfunding;
- Doação específica (PF) para uma ação, projeto ou grupo já existente;
- Financiamento via bicicletarias (modelo de microdoações junto a compras);
- Empresas pequenas e médias não ligadas à indústria automobilística;
- ONGs de captação direta;
- Fundações que promovam a mobilidade, justiça social e direitos humanos;
- Editais públicos;
- Contrapartidas, prestação de serviços e consultorias;
- Sistema S (Sesc, Senai, Senac, Sebrae).
Quem talvez possa financiar a Ciclocidade (institucional ou por projeto)
- Fundações nacionais e internacionais;
- Poder público;
- Bancos públicos e bancos internacionais;
- Bancos privados (apenas projetos);
- Redes de comércio de massa e grandes comércios;
- Academias de ginástica;
- Indústria de bicicletas;
- Indústria de alimentos.
Nota: Para aceitar um apoio destes segmentos, a decisão das associadas e associados será soberana e a decisão final deverá se dar em reunião geral ordinária ou extraordinária convocada especificamente para este fim.
Quem não pode financiar a Ciclocidade (institucional ou por projeto)
- Empresas ligadas à indústria do tabaco, indústria bélica/de armamentos, petróleo, transgênicos e agrotóxicos;
- Indústria farmacêutica;
- Marcas e empresas da indústria automobilística e de combustíveis;
- Crime organizado;
- Construtoras e incorporadoras;
- Partidos políticos;
- Bancos privados (para apoio institucional);
- Grupos e meios de comunicação.
São Paulo, 02 de Setembro de 2017.