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Em SP, pontes e viadutos são barreiras para pedestres e ciclistas

Autor: Marcos de Sousa

Ciclocidade inicia trabalho para facilitar a travessia segura das alças de acesso na capital paulista. Propostas serão levadas à Prefeitura

Uma reunião, em maio passado, na sede da Ciclocidade (Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo) selou o início de uma campanha para melhorar a travessia de ciclistas e pedestres nas pontes e viadutos da capital paulista.

Como se sabe, as grandes alças de acesso permitem a entrada e saída de carros em alta velocidade nas pontes, mas se transformam em obstáculos quase intransponíveis para quem caminha ou pedala nas grandes cidades.

O encontro foi iniciado com a apresentação do trabalho de graduação da arquiteta Renata Rabello (FAU/USP), para a construção de pontes/passarelas exclusivas para o tráfego de pedestres e ciclistas. O projeto, explicou ela, foi pensado para interligar a estação de trens da Cidade Universitária à outra margem do rio Pinheiros, onde de fato fica o campus universitário da USP, mas poderia ser replicado em outros pontos da capital, e mesmo em outras cidades brasileiras.

Uma segunda apresentação foi feita pelo arquiteto Eduardo Pompeo Martins, da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de São Paulo (SP Urbanismo/SMDU), representando a Prefeitura de São Paulo. Ele lembrou que apenas cerca de 28% das pessoas utilizam automóveis para seus deslocamentos urbanos, mas reconheceu que as autoridades ainda priorizam este modo de transporte. Pompeo apresentou também um breve relato sobre o trabalho desenvolvido pela secretaria em conjunto com a Gehl Architects, da Dinamarca (Cidade para as Pessoas), de contagem de bicicletas e pedestres na região do Viaduto do Chá, bem no centro da cidade, utilizando a metodologia desenvolvida por Jan Gehl.

O arquiteto mostrou, como exemplo, a ponte Erasmus, em Roterdã, Holanda, inaugurada em 1997. Além de duas pistas para carros, a obra prevê calçadas e ciclovias dois dois lados e uma faixa central para passagem dos VLTs. Mais: trata-se de uma ponte móvel, que se ergue para a passagem de barcos de grande porte.

Após intenso debate e apresentação de ideias e exemplos já aplicados em outras cidades, os presentes concluíram pelo início de um estudo para detectar duas pontes que possam ser alvo de um projeto-piloto, a ser apresentado posteriormente à Prefeitura de São Paulo. Entre as propostas, surgiu a perspectiva de fechar algumas alças e de instalar semáforos e faixas de passagem nesses sistemas viários. Outros participantes sugeriram a redução da velocidade do trânsito na cidade inteira, utilizando para isso técnicas de traffic-calming, como o estreitamento das vias e a instalação de barreiras nos pontos de travessia de pedestres e ciclistas.

Alguns grupos de trabalho serão formados nos próximos dias para desenvolver as propostas a serem encaminhadas à prefeitura e à (CET) Companhia de Engenharia de Tráfego.

Leia a ata e os documentos apresentados durante a reunião:

“Uma aventura perigosa, que mesmo se for feita com extremo cuidado, pode terminar em atropelamento e tragédia. Assim é possível definir o que significa atravessar, a pé ou de bicicleta, as pontes e viadutos da cidade de São Paulo. Para debater este importante nó da mobilidade urbana, e buscar propostas que ajudem a resolver o problema, um grupo de cicloativistas e pessoas preocupadas com esta situação compareceram no último dia 14 de maio à sede do Ciclocidade, a Associação dos Ciclistas Urbanos de SP. Parte dos presentes já assumiram a tarefa de compor um GT (grupo de trabalho) sobre o tema. Outros assinaram a lista e se propuseram a acompanhar as discussões.

Ata da Reunião Geral de Maio – Travessia de Pontes e Viadutos de SP

Foi decidido também o próximo passo, que será a divulgação de documentos que permitam contribuições por escrito, para dar início às atividades do GT, e que será enviado aos que manifestaram interesse em participar do grupo.”

 

FONTE: Portal Mobilize

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