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Haddad pedala com ciclistas e critica gestão Serra-Kassab

 

RICARDO SANTOS

Ao lado do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e de cicloativistas, o candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, pedalou neste domingo da Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, até o Diretório Municipal do PT, no Centro. Ali, encontrou-se com associações de ciclistas, assinou uma carta em que se comprometeu a implantar dez reivindicações das entidades e criticou as políticas de transporte público das gestões Serra-Kassab.

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De acordo com o documento, proposto pela Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade) e pelo Instituto CicloBR, há uma necessidade de inclusão da bicicleta como uma alternativa de transporte nas políticas urbanas. “Queremos que eles (candidatos) se comprometam com pontos estruturais para haver melhorias na mobilidade da bicicleta na cidade”, afirmou Thiago Benicchio, um dos diretores da Ciclocidade. Segundo ele, todos os postulantes a prefeito estão sendo convidados pelo grupo a assinarem a carta-compromisso.

Sem ficar exclusivamente no tema das bicicletas, o petista vinculou a mobilidade no município à qualidade do transporte público. “Vamos retomar o plano de corredores da Marta (Suplicy, do PT). Estamos com os mesmos 120 ou 130 km de corredores que deixamos oito anos atrás”, alfinetou, afirmando que as gestões de José Serra e Gilberto Kassab pouco fizeram pelo transporte público.

A briga no campo da mobilidade não é de agora. Ontem, o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, também participou de uma pedalada, onde criticou o pouco investimento em bikes das administrações petistas (Luiza Erundina e Marta Suplicy).

Ainda na guerra sobre o transporte público, Haddad lamentou a demora de conclusão em obras nos últimos anos, quando a cidade estava sob as administrações de José Serra e Gilberto Kassab (PSD). “Nos preocupa muito esses atrasos na entrega de obras de transporte público. Tivemos, nesta semana, um anúncio de que a linha 6 do metrô vai atrasar três anos, só ficará pronta em 2019”, continuou o candidato.

Mobilidade em duas rodas

Além de 150 km de corredores de ônibus em quatro anos, Haddad prometeu integrar as bikes ao sistema do Bilhete Único. “Minha convicção é de que o que vai mudar significamente a política da cidade para as bicicletas é incorporá-las ao Bilhete Único. Aquele que usar a bicicleta como integração ao ônibus, metrô e trem, vai usar gratuitamente; e se ele quiser usar exclusivamente a bicicleta, vai pagar um valor simbólico por três horas de uso, entre R$ 0,20 e R$ 0,25”, disse o petista, acrescentando que a ênfase da política de seu governo será nos trajetos entre os bairros e nas estações de trem, ônibus e metrô. “Os bicicletários não vão poder estar só nas estações, vão ter que estar nos bairros. Então a pessoa perto de casa vai ter um local para pegar a bicicleta e se dirigir a uma estação”, prometeu.

“Nosso programa de governo vai incentivar o uso da bicicleta como modal de transporte, não apenas como instrumento de lazer. A bicicleta pode e vai ser uma alternativa sustentável de transporte”, afirmou o vereador Chico Macena, um dos coordenadores da área de transporte no plano de governo de Haddad. Segundo ele, que chefiou a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a empresa responsável pelos transportes na capital tem “uma cultura historicamente contra a bicicleta, contra o transporte coletivo, porque foi criada em 1976 para pensar a fluidez do carro”.

Um dos pontos da carta-compromisso (leia abaixo) cobra do administrador municipal o aumento das restrições ao automóvel, medida oposta à política do governo federal, que continua com medidas de incentivo à produção de automóveis. Questionado sobre o imbróglio, Haddad tergiversou. “Não é tornar inacessível o acesso ao carro, temos é que ter transporte público de qualidade”, afirmou. “E essa gestão (de Kassab) paralisou os investimentos no transporte público.”

Compromisso com as bikes

Segundo Thiago Benicchio, diretor da Ciclocidade, a carta-compromisso foi elaborada através de consultas à sociedade, de discussões e de uma pesquisa própria feita pela internet, e traz dez pontos considerados fundamentais “para termos uma cidade mais adequada para o ciclista”. Haddad foi o segundo candidato à prefeitura a assinar o termo; o primeiro foi Gabriel Chalita (PMDB), que pedalou no sábado por Higienópolis com as associações.

Veja a seguir as reivindicações dos ciclistas:

1) Desenhar um plano cicloviário para a cidade, com uma rede de ciclovias, ciclofaixas e rotas de bicicleta;

2) Aumentar em 0,25% ao ano o orçamento municipal de transportes destinado à mobilidade em duas rodas;

3) Promover a participação da sociedade nas políticas públicas criando um Conselho Municipal de Transportes;

4) Integrar a bicicleta ao transporte público, criando redes cicloviárias próximo a terminais de ônibus, trem e metrô;

5) Adotar limites de velocidade para “acalmar” o trânsito, tornando-o mais humano;

6) Garantir a travessia segura de pedestres e ciclistas nas pontes dos rios Pinheiros e Tietê;

7) Desenvolver um Plano Diretor que estimule a redução dos deslocamentos e equilibre moradia, serviços e emprego;

8) Desestimular o uso do automóvel, aumentando suas restrições de circulação, e priorizar investimentos em transporte coletivo;

9) Desenvolver campanhas permanentes de educação no trânsito, priorizando pedestres e ciclistas;

10) Melhorar a convivência dos serviços de transporte público sobre pneus com as bicicletas.

 

 

 

PUBLICADO EM 15/07/2012

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