Secretaria de Transportes apresenta proposta de 400km de ciclovias em São Paulo
Na última quarta-feira (04/06) aconteceu a sétima reunião do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (CMTT), que teve como pauta principal a apresentação de uma proposta de rede cicloviária desenvolvida pelo Departamento de Planejamento Cicloviário da CET-SP. A reunião também serviu para dar posse aos conselheiros eleitos pela sociedade civil, entre eles os representantes dos ciclistas Felipe Aragonez e Felipe Fernandes.
A proposta de rede cicloviária foi apresentada pelo secretário de Transportes Jilmar Tatto (presidente do Conselho) e contempla a implementação de 400km de ciclovias até 2016. Segundo Tatto, a esta rede será acrescida a infraestrutura cicloviária prevista para acompanhar os 150km de corredores de ônibus, cujos projetos estão em licitação pela prefeitura.
A infraestrutura cicloviária prevista para os corredores poderá ser de dois tipos: de alimentação dos terminais ou seguindo o traçado das faixas de ônibus. O secretário mencionou ainda que algumas pontes da cidade receberão melhorias para aumentar a segurança dos usuários de bicicleta.
Questionado algumas vezes por conselheiros e por convidados presentes, o secretário ressaltou que os 400km da rede proposta serão compostos apenas por ciclovias (faixas exclusivas e segregadas para ciclistas), e não de ciclorrotas, ciclofaixas ou faixas operacionais de lazer.
Diretrizes para os projetos
A apresentação trouxe ainda algumas diretrizes para a realização destes projetos, entre elas a conectividade dos trajetos, a preferência por ciclovias bidirecionais à esquerda da via e a integração com equipamentos urbanos e outros meios de transporte.
Em sua fala, o conselheiro Felipe Fernandes ressaltou que a proposta é um avanço, mas questionou algumas diretrizes (a opção pelo lado esquerdo da via, a não eliminação de faixas de rolamento de motorizados e a preferência por ciclovias bidirecionais em vias secundárias).
O secretário respondeu que estas diretrizes não são absolutas e serão tratadas caso a caso. Afirmou ainda que o projeto sofrerá reação contrária de alguns setores da sociedade, pois prevê a retirada de cerca de 30 a 40 mil vagas de estacionamento de veículos motorizados (número que talvez esteja superestimado), por isso a opção preferencial pelas ciclovias bidirecionais em apenas um dos lados da via. Além disso, disse que em alguns casos as ciclovias serão feitas em vias principais (e não apenas nas secundárias).
Traçado, custo e participação
A proposta dos 400km de rede cicloviária foi construída pelo Departamento de Planejamento Cicloviário da CET, em diálogo com as áreas operacionais da empresa. Alguns conselheiros e convidados da reunião questionaram a falta de participação da sociedade neste processo.
Gabriel Di Pierro, Diretor Geral da Ciclocidade, lembrou que um dos compromissos assumidos na reunião do prefeito Fernando Haddad com os ciclistas em 2013 era a criação de um espaço formal de diálogo com a sociedade.
O conselheiro Felipe Fernandes e Daniel Guth (diretor de Participação da Ciclocidade) sugeriram a criação de um espaço específico para tratar da constituição de um plano e de uma política cicloviária para São Paulo.
As ideias foram bem recebidas pelo secretário e pelos representantes da CET, que mencionaram a criação de uma Câmara Temática ligada ao CMTT com esta finalidade. Segundo o secretário, haverá também uma plataforma digital de consulta à população sobre os projetos. Tatto afirmou ainda que a SMT irá criar canais de diálogo e estará aberta a rever o traçado e fazer adaptações caso sejam identificados problemas.
Di Pierro também perguntou sobre o custo estimado das novas ciclovias, lembrando que no dia anterior (terça-feira, 03) a Ciclocidade havia entregado ao relator do Plano Diretor Estratégico (vereador Nabil Bonduki) a primeira leva de 18 mil assinaturas pela destinação de 10% do FUNDURB para obras do sistema cicloviário. Jilmar Tatto afimrou que o custo médio de cada quilômetro de ciclovia é de R$ 200 mil e disse que há um debate na gestão municipal sobre a utilização do FEMA (Fundo Especial de Meio Ambiente) para estas obras.
Marronzinhos de bicicleta, pesquisas e mudança cultural
Alguns conselheiros ressaltaram a importância de aprofundar a mudança cultural que pode acelerar as tansformações em favor da bicicleta e também a realização de estudos específicos para este modal.
O conselheiro Rosevaldo Caetano Alves, do movimento SOS Transporte de M’Boi Mirim, sugeriu que os agentes de trânsito da CET passassem a utilizar também a bicicleta. Daniel Guth falou sobre a carência de estudos relativos à mobilidade por bicicletas, sugerindo a realização de pesquisas específicas sobre o uso de bicicletas, para medir origem/destino e também os desejos de viagem.
O secretário Jilmar Tatto afirmou que os núcleos operacionais da CET passarão a contar com fiscais em bicicletas e também disse que serão realizadas pesquisas origem/destino específicas para este modal.
Vistoria do projeto piloto
No próximo sábado (07/06) a CET realizará uma vistoria técnica de um trecho-piloto desta rede, entre o Largo do Paissandu e a rua Mauá, no centro de São Paulo. A vistoria acontece a partir das 11h e servirá para receber as primeiras considerações feitas pelos ciclistas sobre o projeto.
+ Apresentação feita pelo secretário Jilmar Tatto durante a reunião do CMTT (PDF para download)