Boletim Sistemas Seguros #12 – abril/2025
Confira as principais notícias sobre segurança no trânsito, assine a newsletter e siga nosso perfil no Instagram!
Segurança viária no mundo
Após limitar a velocidade máxima em 30 km/h na cidade e em 50 km/h no anel rodoviário, a prefeitura de Paris anunciou que vai banir os automóveis de 500 ruas. Essas vias serão arborizadas e transformadas em zonas para pedestres. A medida foi aprovada em referendo popular e faz parte, junto com a redução de velocidade, de um conjunto de esforços para tornar a cidade mais segura e melhorar a qualidade do ar. Recentemente, Paris também proibiu aplicativos de patinete elétrico, devido, entre outros motivos, à irritação de moradores e pedestres com a imprudência de alguns condutores e à obstrução de calçadas e ruas. (DW)
Moradores de uma cidade estadunidense pintaram sinalização horizontal em uma rua do bairro com linhas tortas, em forma de zigue-zague. Essa via local serve de atalho entre duas avenidas com tráfego intenso, e veículos trafegam por ela em alta velocidade. Enquanto o município não instala fiscalização, foi a forma que os residentes encontraram para coibir esse comportamento de risco dos motoristas. (UOL)
“Não se trata apenas de números, estamos falando de vidas que não foram destruídas, de famílias que não foram desfeitas, de crianças que não perderam o pai ou a mãe, de famílias que não perderam uma criança”. É assim que Antonio Avenoso, diretor executivo do European Transport Safety Council (Conselho Europeu de Segurança nos Transportes) resume sua avaliação sobre a readequação de velocidades que vem sendo implementada em diversas cidades europeias. Ele destaca também outros ganhos além da redução significativa no número de sinistros, feridos e mortos: menos poluição sonora e ambiental, mais pessoas andando a pé ou de bicicleta e aumento do uso de programas de mobilidade compartilhada. (ETSC, em inglês)
Retrato da insegurança viária
Segundo dados do Registro Nacional de Infrações de Trânsito, houve 6.490.399 autuações por infrações de trânsito somente em fevereiro deste ano, em todo o país. Na média, isso equivale a 9 mil infrações registradas a cada hora. Excesso de velocidade é o motivo mais frequente. Na avaliação de Celso Alves Mariano, especialista e diretor do Portal do Trânsito, esse dado “é um reflexo da forma como grande parte dos brasileiros encara o trânsito: como um espaço de pressa e individualismo, e não de convivência e responsabilidade coletiva”. (Portal do Trânsito)
A quantidade de mortes por atropelamento na Grande São Paulo no primeiro bimestre do ano cresceu 15%, em comparação com 2024, conforme dados do Infosiga. O número é o maior desde 2019. Atropelamento tem sido a maior causa de morte no trânsito desde 2016, seguido por colisão entre veículos. A morte de duas jovens por atropelamento em São Caetano do Sul, no início de abril, tornou-se caso emblemático dessa preocupante estatística. (Correio Popular)
A insegurança viária foi tema de Audiência Pública na Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica da capital paulista. O requerimento veio após o registro do maior índice de óbitos no trânsito em nove anos, totalizando 1.031 em 2024, com 87% envolvendo motociclistas, pedestres e ciclistas. Enquanto o número de mortes cresce, o de multas está em queda. No evento, Ricardo Neres Machado, diretor geral da Ciclocidade, questionou a prioridade para velocidade e fluidez nas vias, em detrimento da proteção às vidas. Afirmou que os dados são assustadores, têm rostos e responsáveis. Representantes da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego e da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global também participaram. A cidade aguarda a instauração de uma CPI para investigar os casos. (Portal da Câmara de São Paulo)
Enquanto São Paulo registra alta histórica de mortes no trânsito, Fortaleza mostra que é possível reverter esse cenário com planejamento e fiscalização. Defendendo que a redução das mortes no trânsito deve ser tratada como um compromisso político, Ana Carboni, conselheira regional centro-oeste da União de Ciclistas do Brasil, destaca a importância do Projeto de Lei 2789/2023, o “PL das Velocidades Seguras”, como medida urgente e necessária para salvar vidas nas cidades brasileiras. (Correio Braziliense)
O desenho da sinalização é um fator importante para a segurança dos pedestres. “Nossa sinalização de trânsito é pensada no fluxo motorizado. Sempre que a gente observa uma situação assim, é uma via muito importante de se estudar, para mudar a sinalização e o desenho dela, para que ela contemple realmente quem está a pé”. A avaliação é de Leticia Sabino, diretora-presidente e coordenadora executiva de projetos do Instituto Caminhabilidade, em entrevista a reportagem televisiva. (Globoplay, vídeo)
Limites adequados de velocidade, aliados a um projeto viário voltado para a segurança dos pedestres, são medidas que contemplam as recomendações da Organização Mundial da Saúde, segundo Rebecca Bavinger, gerente de programas da Bloomberg Philanthropies. “Em áreas movimentadas com pedestres, [recomenda-se] não passar de 30 km/h. Vias urbanas em geral não devem ter [limite de] mais de 50 km/h. Você pode reduzir a largura das faixas, por exemplo, [pois] quando elas são muito largas, aceleram o trânsito”. (O Globo)
Mobilidade e escolhas
“O cidadão que escolhe entre passar duas horas num coletivo lotado ou 30 minutos numa moto não está fazendo uma escolha livre, mas sim se adaptando à realidade que lhe é imposta”. Essa é a visão do secretário nacional de trânsito, Adrualdo Catão, ao comentar a polêmica em torno do mototáxi. Ele defende que é preciso “fomentar a eficiência e a disponibilidade do transporte coletivo e dos meios de mobilidade ativa. Isso não apenas reduziria a dependência de mototáxis, mas também contribuiria para uma cidade mais segura, sustentável e equitativa”. (CNN)
Uma pesquisa publicada no periódico científico Journal of Transport & Health (Revista de Transporte e Saúde) demonstrou que a desigualdade socioeconômica afeta significativamente a segurança viária em países de alta renda. Entre os fatores analisados: status socioeconômico (maior probabilidade de ocorrências de trânsito em áreas carentes), exposição ao risco (quem caminha fica mais sujeito a atropelamento), vizinhança e ambiente construído (infraestrutura precária, vias de tráfego intenso, excesso de velocidade). (ETSC, em inglês)
Levantamento da Comissão de Segurança no Ciclismo do Rio de Janeiro, com base em dados da Secretaria Municipal de Saúde, mostrou que o total de atendimentos hospitalares relacionados a ocorrências envolvendo veículos motorizados levíssimos, como patinetes elétricos e ciclomotores, saltou de 274 em 2023 para 2.199 em 2024, um aumento de 702%. Apesar de o uso dessa alternativa de mobilidade ser regrado por resolução federal de 2023, a fiscalização é responsabilidade das prefeituras. (G1)
Construindo Sistemas Seguros
Representantes de organizações especializadas em segurança viária de todo o mundo estiveram em São Paulo e Brasília para encontros em que se debateu a situação atual da segurança no trânsito brasileiro. O aumento no número de sinistros com óbitos e pessoas gravemente feridas, especialmente motociclistas, serviu de base para a discussão sobre as soluções mais viáveis para o país, entre elas, o Projeto de Lei 2789/2023. (Ciclocidade)
Com o uso de câmeras de videomonitoramento, radares de velocidade e fotossensores, a cidade de Olinda (PE) zerou o número de mortes e reduziu em 25% os sinistros de trânsito nos locais onde esses equipamentos estão operando. A informação é da Secretaria de Mobilidade Urbana do município. A instalação desses recursos começou em 2019 e se intensificou em 2024. (JC)
O município de Paulínia (SP) inaugurou, em 57 pontos da cidade, equipamentos que registram excesso de velocidade e outros tipos de infração. Ao iniciar esse tipo de fiscalização, a Prefeitura instalou sinalização informativa, podou vegetação que poderia dificultar sua visibilidade e utilizou carros de som circulando pela cidade para avisar a população sobre o início da operação dos equipamentos. Nos últimos dez anos, a cidade esteve sem fiscalização eletrônica, sendo o controle de trânsito feito somente por guardas civis municipais e policiais militares. (Correio Popular)
Áreas de escape são zonas de segurança instaladas em locais críticos de rodovias. Geralmente na forma de uma caixa forrada com argila expandida, ajudam na desaceleração de veículos com pane no sistema de freios. Desde 2011, a concessionária responsável por trechos da BR-376 no Paraná e da BR-116 em São Paulo contabilizou 774 entradas nesses dispositivos, o que, segundo a empresa, corresponde a 1.300 vidas salvas. (Tribuna)
Estão disponíveis os materiais de comunicação da campanha Maio Amarelo 2025. Diagramadas em diversos formatos, tanto para uso impresso quanto para divulgação em mídias digitais, as peças foram produzidas em português, inglês, espanhol e francês. A campanha deste ano traz dois temas importantes: “Mobilidade Humana. Responsabilidade Humana” e “Desacelere. Seu bem maior é a vida”. (ONSV)
Um levantamento feito com base em dados do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) e da Aliança Bike buscou avaliar o quanto cada uma das capitais brasileiras é boa para os ciclistas. Além de contabilizar o aumento da malha cicloviária nessas cidades entre 2023 e 2024, o estudo considerou as seguintes informações: proximidade da população geral à rede cicloviária, proximidade das mulheres negras à rede cicloviária, taxa de mortalidade de ciclistas em sinistros de trânsito e taxa de internações de ciclistas. (Estadão)
Evento
A fiscalização por velocidade média será tema de um debate nacional, marcado para 9 de maio, no auditório da Polícia Rodoviária Federal do Paraná. Participarão representantes dos três poderes, de instituições públicas, de organizações internacionais e especialistas em segurança viária. A União de Ciclistas do Brasil, que faz parte da Rede Sistemas Seguros, estará presente no evento. O debate será centrado no Projeto de Lei 920/2015, que também trata desse tipo de fiscalização. Atualmente, o Projeto de Lei 2789/2023, o “PL das Velocidades Seguras”, se encontra apensado ao PL 920/2015, o que faz com que suas tramitações estejam vinculadas. (Estradas)
Para ler as edições anteriores do boletim Sistemas Seguros, acesse este link.