Boletim Sistemas Seguros #13 – maio/2025
Confira as principais notícias sobre segurança no trânsito, assine a newsletter e siga nosso perfil no Instagram!
Custos da falta de segurança
O sistema público de saúde do Brasil paga uma conta bem cara pela violência viária. Entre 2015 e 2024, as internações hospitalares de vítimas de sinistros de trânsito geraram um custo de R$ 3,8 bilhões, conforme dados do DataSUS. O montante equivaleria ao valor de 15 mil ambulâncias básicas ou quase 13 mil novos leitos de UTI. Aproximadamente 60% dessas internações são de motociclistas. (JC)
A Previdência Social também é atingida de maneira significativa. O aumento da mortalidade no trânsito vem criando um novo perfil de beneficiários: jovens em idade produtiva que se tornam dependentes de auxílio-doença, auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez; ou então geram pensões por morte. A análise é de Alysson Coimbra, médico e diretor científico da Associação Mineira de Medicina de Tráfego. (Portal do Trânsito)
Retrato da violência
Jovens do sexo masculino são os mais atingidos pela violência no trânsito. Um estudo feito pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar desse estado analisou mais de 2 milhões de ocorrências entre 2019 e 2025. Das vítimas, 71% são homens e 23% têm entre 20 e 29 anos. Enquanto 70% dos sinistros acontecem em áreas urbanas, a chance de morte é 2,7 vezes maior nas ocorrências em rodovias. (Diário de Caratinga)
Em Fortaleza, um levantamento realizado pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania revelou que pessoas do sexo masculino representam 80% dos óbitos e que 56% dos casos são de pessoas de 30 a 59 anos. Motociclistas correspondem a 55% do total de mortes, seguidos por pedestres (32%), ciclistas (8%) e ocupantes de automóveis (5%). (O Povo)
A Baixada Santista (SP) registrou 64 óbitos nos quatro primeiros meses deste ano, uma queda de 26,4% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Detran-SP. As vítimas fatais são, na maioria, homens, e a faixa etária mais atingida é entre 20 e 24 anos, para ambos os sexos. Entre as pessoas que perderam a vida, motociclistas correspondem a 60% dos homens e a 8% das mulheres. (A Tribuna)
Segundo os dados do DataSUS referentes aos últimos dez anos, 78% do total de internações resultantes de sinistros de trânsito foram de pessoas do sexo masculino, enquanto apenas 22% foram de mulheres. Mais de 65% de todas as hospitalizações são de pessoas de 20 a 49 anos, sendo que a faixa etária de 20 a 29 anos corresponde sozinha a aproximadamente 28% de todos os casos. (JC)
Dados
Foi divulgada no início de maio a edição de 2025 do Atlas da Violência, que é elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pela primeira vez, o Atlas traz dados sobre a violência viária. O anuário registrou 34,9 mil sinistros de trânsito com morte em 2023, um aumento de 2,95% em relação aos 33,9 mil registrados no ano anterior. A taxa de mortalidade do trânsito brasileiro em 2023 foi de 16,2 óbitos a cada 100 mil habitantes, uma alta de 2,5% em relação a 2022, quando o índice foi de 15,8. (Agência Brasil)
A cada dia, 16 pessoas foram atropeladas, em média, na cidade de São Paulo nos três primeiros meses deste ano. São 1.473 atropelamentos registrados pelo Infosiga (Detran-SP) entre janeiro e março, um aumento de 27% em comparação ao mesmo período do ano passado. Dos atropelamentos que resultaram em morte, 35% são de pessoas com 65 anos ou mais, ainda que essa faixa etária corresponda a apenas 12% da população paulistana. (Metrópoles)
A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) lançou uma nova versão do sistema de gestão do Programa Nacional de Redução de Sinistros e Mortes no Trânsito (Pnatrans). Esta atualização oferece mais eficiência no monitoramento das ações, com relatórios detalhados que facilitam a avaliação de resultados. “Uma das nossas obrigações como gestores de trânsito é manter a sociedade constantemente atenta ao fato de que o trânsito, por si só, já é um ambiente de risco. Sempre que se adicionam novos fatores de risco, esse ambiente se torna ainda mais perigoso”, afirmou o secretário nacional de trânsito, Adrualdo Catão, por ocasião do lançamento. (Portal do Trânsito)
Motocicleta como fator de risco
De acordo com dados da Senatran, analisados pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego, o Brasil encerrou 2024 com uma frota de 28,2 milhões de motos registradas, um aumento de 5,07% em relação a 2023. Já os dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) revelam uma frota ainda maior, 35 milhões, e uma produção anual de 1,8 milhão de unidades. As motos estão envolvidas em mais de 70% dos sinistros de trânsito registrados no país, apesar de corresponderem a apenas 28% da frota nacional de veículos. (JC)
A taxa de mortalidade de motociclistas no Brasil subiu de 5,6 óbitos a cada 100 mil habitantes em 2022 para 6,3 em 2023, um aumento de 12,5%. A informação consta no Atlas da Violência 2025. Segundo o documento, “Esse fato é consequência direta do grande aumento da frota e uso desses veículos no Brasil”. (JC)
Conforme a avaliação do Atlas da Violência 2025, as estatísticas do trânsito brasileiro revelam um “problema de saúde pública de primeira importância”, sendo comparáveis aos números de mortes violentas intencionais. “As motos estão matando jovens negros, principalmente pelo serviço de entrega ou de táxi. A redução da velocidade é uma atitude simples para todos os prefeitos. Tem impacto negativo na cabeça de muita gente, mas na pratica é uma salva-vidas”, afirma Erivelton Guedes, pesquisador do Ipea e autor do capítulo sobre violência no trânsito do Atlas. (O Globo)
A morte de uma passageira de transporte em motocicleta por aplicativo em São Paulo, ocorrida no último dia 24, expõe múltiplas fragilidades: ausência de regulamentação, infraestrutura deficiente, fiscalização ineficiente e atuação agressiva de plataformas digitais no transporte urbano. A análise é do especialista em mobilidade Rafael Calabria. “As empresas de transporte estão numa ação agressiva, ambiciosa, de impor a atividade delas com condições de trabalho muito precárias para o trabalhador”, afirma. (Brasil de Fato)
Segurança viária em pauta
No início de maio, representantes dos três poderes, instituições públicas, organizações internacionais e especialistas em segurança viária reuniram-se no auditório da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Curitiba para debater propostas legislativas que tratam da fiscalização por velocidade média. Entre elas, o Projeto de Lei 2789/2023, o PL das Velocidades Seguras. “Alterar o texto atual do Código de Trânsito é fundamental para se permitir o controle da velocidade média nas vias brasileiras, uma medida que já é adotada, com sucesso comprovado, em ao menos 16 países da União Europeia”, afirma Fernando Oliveira, superintendente da PRF no Paraná. (Gov.Br)
A 8ª Semana Mundial da ONU para a Segurança Viária aconteceu entre 12 e 18 de maio, através de videoconferência, e teve foco na mobilidade ativa. Com o mote “Ruas para a vida, tornando o ciclismo mais seguro”, o evento mobilizou representantes de organizações e comunidades em favor da bicicleta e da caminhada, pressionando formuladores de políticas públicas pela adoção de medidas baseadas em evidências que melhorem a segurança de pedestres e ciclistas. (Global Alliance of NGOs for Road Safety, em inglês)
A Subcomissão de Regulamentação do Mototáxi da Câmara Municipal de São Paulo, que é vinculada à Comissão de Trânsito, Transporte e Atividade Econômica e presidida pela vereadora Renata Falzoni (PSB), ouviu as experiências de duas capitais brasileiras sobre regulamentação e segurança de motociclistas. Salvador é uma das pioneiras na implantação e regulamentação do transporte de passageiros em motocicletas. Fortaleza, mesmo com o aumento da circulação de motos pela cidade, apresenta queda nos índices de ocorrências e mortes envolvendo esses veículos. (Câmara Municipal de São Paulo)
Um estudo do Ipea estima em R$ 158,4 bilhões o custo anual gerado pelos sinistros de trânsito no Brasil, incluindo gastos com hospitais, danos materiais e perda de produção. Os dados mais recentes do DataSUS indicam que foram 33 mil mortes em 2023. Em média, 500 mil pessoas são mutiladas no trânsito a cada ano. Enquanto tais números parecem não mais chocar a opinião pública, campanhas como o Maio Amarelo buscam chamar a atenção para a importância de medidas efetivas que revertam esse quadro. (JC)
PublicaçãoEstá disponível a tradução em português do documento Gestão da Velocidade – um manual de segurança viária para gestores e profissionais da área. Elaborado pela Organização Mundial da Saúde, em parceria com outras importantes instituições, o material fornece orientações para a melhoria da organização da segurança no trânsito e para a implementação de intervenções específicas de segurança viária descritas no relatório mundial sobre prevenção de lesões de trânsito. É destinado a formuladores de políticas públicas e profissionais da área. (PAHO)
Para ler as edições anteriores do boletim Sistemas Seguros, acesse este link.
