Boletim Sistemas Seguros #3 – julho/2024
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O boletim Sistemas Seguros é publicado todo dia 30 de cada mês, data escolhida para lembrar que 30 km/h é a velocidade mais segura para pedestres e ciclistas em centros urbanos.
Boa leitura!
Sistemas Seguros para reduzir mortes no trânsito
80% das mortes de trânsito do país estão concentradas nas cidades ou em rodovias estaduais, apontando que o desafio está principalmente nos centros urbanos. Artigo de Adrualdo Catão, Secretário Nacional de Trânsito, ressalta a importância da abordagem dos Sistemas Seguros para reduzir esses números. É preciso melhorar a gestão de velocidades e a fiscalização, proteger pedestres e ciclistas, investir no transporte público.
“O foco exagerado na educação é uma posição extremamente confortável para o gestor da via, na medida em que tira de sua responsabilidade a redução da morte no trânsito, gerando uma certa apatia da sociedade civil, que deixa de cobrar do poder local as ações que efetivamente salvam vidas. (…) O trânsito seguro é dever de todos. Não somente daqueles que conduzem seus veículos ou trafegam nas ruas, mas daquele que é responsável pela gestão das vias e pela administração das cidades”. (Agência iNFRA)
Epidemia de excesso de velocidade? Ou será o destaque dado pela mídia ao assunto?
Episódios brutais decorrentes do excesso de velocidade, como os casos dos motoristas do Porsche (O Globo), do BMW (O Globo) e do Audi (Diário do Nordeste), ocuparam as páginas noticiosas nos últimos meses. As imagens de como ficou a lataria do carro no sinistro ocorrido em julho na zona sul do Recife, por exemplo, são um lembrete indesejado da violência envolvida em uma colisão a altas velocidades – ali, todas as pessoas morreram. (JC)
Incidentes desse tipo acabam ganhando destaque na imprensa, mas não são casos isolados. Sinistros fatais de trânsito acontecem todos os dias, sem necessariamente envolver automóveis de luxo, e o número de mortes segue aumentando. (ONSV)
Também fala-se pouco sobre as sequelas nas vítimas. Graves, mudam para sempre suas vidas. Foi o que aconteceu com a triatleta Luisa Baptista que, após ter sido atropelada enquanto pedalava, ficou dois meses em coma e precisou reaprender coisas básicas como falar e trocar de roupa. Atleta de alto rendimento, hoje ela continua lutando pela recuperação e não sabe se vai conseguir voltar a competir. (UOL)
Dados sobre a violência viária
Em meio à tendência de aumento no número geral de mortes no trânsito, certos grupos são especialmente afetados. Dados do sistema DataSus mostram que houve aumento de 14% nas internações de motociclistas no sistema público de saúde nos quatro primeiros meses de 2024, em comparação com igual período de 2023. No Distrito Federal, o salto foi de 30%. (Correio Braziliense)
Em Fortaleza, apesar de uma redução de 58,4% na mortalidade do trânsito em 2023, em comparação com o ano anterior, houve aumento de 9,3% nas mortes de motociclistas. (O Povo | Relatório)
No estado de São Paulo, o número de mortes em sinistros de trânsito nos cinco primeiros meses do ano é o maior desde 2015, segundo a plataforma Infosiga. Motociclistas são também o grupo mais numeroso. (Correio Popular)
Ações dos municípios
A avenida Paulino Rocha, de Fortaleza, terá a velocidade máxima readequada de 60 km/h para 50 km/h. A medida vem acompanhada de instalação de ciclofaixa e renovação da sinalização horizontal e semáforos. Nas outras vias da cidade que já passaram por readequação de velocidade no ano passado, houve redução de 68% nas ocorrências com morte. (Diário do Nordeste)
A prefeitura do Recife está fazendo um levantamento para conhecer o comportamento dos condutores quanto à velocidade. Pesquisadores em 16 pontos da cidade, equipados com radares móveis, vão medir as velocidades dos veículos com a finalidade de pautar ações de redesenho de vias, readequação e fiscalização. Durante a pesquisa, não haverá autuação. (Mobilize)
Radares tipo doppler, que detectam a velocidade dos veículos com até 100 metros de distância e não apenas no ponto fixo dos sensores, já estão operando e autuando na cidade de São Paulo. Os equipamentos também detectam outras infrações, como avançar sinal vermelho, parar sobre travessia de pedestres e andar na contramão. (Diário do Litoral)
Sociedade pede redução de velocidades
A população de Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza, fez um protesto reivindicando a redução de velocidade na rodovia estadual que corta o município, após um indígena ser atropelado e morto. O motorista fugiu sem prestar socorro. Os manifestantes quebraram um trecho do pavimento da rodovia e pediram instalação de lombadas físicas e diminuição da máxima permitida, de 60 km/h para 40 km/h. (Diário do Nordeste)
Frequentadores do Eixão do Lazer de Brasília reclamam da insegurança para chegar ao espaço de convivência. A via expressa que cruza o plano-piloto fica aberta para pessoas aos domingos, sem veículos motorizados. Para chegar lá, muitos atravessam as avenidas paralelas, onde está o perigo: motoristas desobedecem o limite de velocidade de 60 km/h nos chamados eixinhos, mesmo com os radares. Duas crianças foram atropeladas recentemente. As pessoas pedem fiscalização de velocidade efetiva, aumento dos pontos de travessia com faixas e semáforos, além de melhorias nas passagens subterrâneas. (DF1)
Cidades a 30 km/h
Diversas iniciativas de redução de velocidade em centros urbanos vêm ganhando força na Europa. Cidades de países como Áustria, França, Bélgica e País de Gales readequaram os limites para 30 km/h. Os ganhos vão muito além do aumento da segurança viária: houve queda nos níveis de ruído e emissões, caminhar e pedalar ficou mais agradável e, com a fluidez mais constante, a velocidade média caiu em apenas 0,5 km/h nesses locais. (RTBC, em inglês)
E a pesquisa acadêmica atesta os benefícios da readequação de velocidades. Artigo publicado por uma equipe da Universidade de Atenas mostrou, por meio de estudo quantitativo e qualitativo feito em 40 cidades europeias, que a implementação de limites de velocidade de 30 km/h nesses lugares levou a uma redução de 37% nas mortes e 38% no número de feridos em ocorrências viárias. Comprovou também uma diminuição das emissões, dos níveis de poluição sonora e do consumo de combustível. (MDPI, em inglês)
Saíram os resultados da mais recente pesquisa ESRA, realizada por um instituto belga e que busca aferir opiniões e atitudes dos usuários das vias em diversos países. O Brasil é um deles. Alguns dados merecem destaque: metade dos brasileiros são a favor de estabelecer limites de velocidade de 30 km/h em toda a área urbana, exceto vias principais; somente 4% das pessoas entrevistadas acham aceitável circular acima dos limites de velocidade em centros urbanos; e 81% apoiam a tolerância zero aos limites de álcool para quem dirige. Há também a percepção de que a fiscalização é falha: somente 24% das pessoas avaliam como “provável” serem fiscalizadas por limites de velocidade e 18% por consumo de álcool ao dirigir. (ESRA)
Projetos de lei
O apoio ao PL 2789/2023 segue crescendo. Já são mais de 1.700 pessoas e mais de 60 organizações pedindo aprovação do projeto que propõe a readequação dos limites de velocidade em centros urbanos e a permissão de executar a fiscalização por velocidade média. O objetivo é reduzir comportamentos de risco e evitar mortes no trânsito. Apoie você também! (Transitando pela Vida)
Está em tramitação um projeto que institui o conceito de Visão Zero como parte da estratégia da elaboração de políticas, planos, programas e ações relacionadas à mobilidade urbana, trânsito e transporte no país. Proposto pela deputada Duda Salabert (PDT/MG), o PL 722/2024 passará por diversas comissões da Câmara dos Deputados e encontra-se, no momento, em análise pela Comissão de Desenvolvimento Urbano. (Poder 360)
Publicações
Levantamento realizado pela Aldeias Infantis SOS com base em dados do DataSUS mostra crescimento de 8% das internações de crianças causadas por lesões não intencionais em 2023. Entre as oito categorias de incidentes analisadas, os sinistros de trânsito tiveram aumento de 5,1%, sendo a terceira maior causa de hospitalizações e correspondendo a 10% das ocorrências com crianças e adolescentes de 0 a 14 anos. Quanto às mortes, foi a primeira vez desde que o levantamento passou a ser feito que os sinistros de trânsito não foram a principal causa, superada, neste momento, pelas sufocações. (Aldeias Infantis)
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